Fórmula 1 – A maioria garagista


O grid do GP do Bahrein de 2010, abertura da temporada de Fórmula 1 em 14 de março, trará novamente a supremacia dos garagistas, aquelas equipes independentes que não representam as montadoras. As saídas da Honda no ano passado, BMW e da Toyota este ano, e uma ainda possível saída da Renault, cuja decisão será tomada em dezembro, faz com que apenas a Ferrari e a agora Mercedes, que fechou a compra da Brawn, representem as montadoras. A última vez que isto ocorreu foi em 1999.

Na verdade, as montadoras sempre estiveram fortes na Fórmula 1 através do fornecimento de motores aos garagistas. Neste ano mesmo tivemos a Brawn e a Force India correndo com os motores Mercedes, a Williams com Toyota, a Red Bull com propulsor Renault e a Toro Rosso com motores Ferrari.

Mas haviam também a BMW, a Ferrari, Renault e Toyota, cada uma correndo obviamente com seu motor, e a parceria da McLaren com a Mercedes. Apenas para recordar, nas décadas de 80 e 90, a McLaren correu com motores Porsche, depois Honda, Ford, Peugeot e, desde 1995, mantinha uma parceria acionária e vitoriosa com a Mercedes, que lhe rendeu 2 títulos de construtores. O distanciamento da McLaren por parte da Mercedes, no entanto, já vinha dando mostras de concretização e se deve, entre outros fatores, ao mercado de esportivos de rua em que ambas são concorrentes na Europa.

Ano que vem, a Mercedes vai fornecer seus motores para a Force India e McLaren, além de tê-los em seus próprios carros. Red Bull e Toro Rosso devem manter os motores deste ano, Renault e Ferrari respectivamente, enquanto a Ford com o seu histórico motor Cosworth, vai empurrar a Williams e as estreantes Lotus (que diga-se desde já não tem nenhuma familiaridade com a antiga Lotus de passado vitorioso), Manor, USF1 e Campos, atraídas pela redução dos custos da categoria.

Mesmo que a Renault permaneça no grid, os efeitos da crise mundial e da visão apenas de negócio e resultados que os acionistas impõem às montadoras resultaram nesta saída em massa, deixando o grid para uma maioria de equipes independentes, que enxergam o esporte como ele tem de ser.

E é aí que o campeonato do ano que vem pode se tornar muito interessante, com um equilíbrio maior entre as equipes. Dificilmente haverá o surgimento de uma “nova Brawn”, mas é bem possível que alguma das estreantes surpreenda, enquanto é esperado também um crescimento de Ferrari e McLaren e a manutenção do bom desempenho de Brawn, agora Mercedes, e Red Bull. A volta do domínio dos garagistas é aguardada com ansiedade pela Fórmula 1. Vamos ver que surpresas virão.

P.S.: é com muita honra que recebi o convite do Guilherme para integrar a equipe do site e poder trazer um pouco da Fórmula 1 para vocês. Vamos acompanhar a temporada de 2010 juntos, mas até lá, falaremos do que está acontecendo com as equipes e pilotos, além de trazer um pouco do passado deste esporte cujas primeiras imagens que vem à minha mente são de 1978, 1979. Faz tempo não é? Pelo menos, assunto é o que não vai faltar. Um grande abraço.

Lauro Vizentim

Lauro Vizentim é Engenheiro Mecânico, trabalha há mais de duas décadas na indústria de automóveis. Gosta de criação, design e de... carros. Quando estes três gostos se juntam em uma corrida, tudo se completa. Acompanha a Fórmula 1 desde criança e colabora com o No Trânsito desde 2009.

4 Responses

  1. Victor BM says:

    Não me animei muito a ver a F1 em 2009, talvez com todas essas mudanças pra 2010 seja mais emocionante. Vamos aguardar…

    Parabéns pelo texto Lauro, muito bem escrito, da gosto de ler!

  2. fabio says:

    Acredito que teremos um ano muito competitivo e com muitas surpresas.

    Muito bom Lauro.

  3. Josue Ricardo de Paula Recalde says:

    Gostaria de saber sobre os rumores de que a VW, atraves ou da Porsche ou da Audi, realmente, tem interesse em entrar na F1. Já que tambem ha rumores que ja tinham um plano em se associar com a Red Bull. Seria uma boa mais uma fábrica como a VW entrar na F1. Ja que ha algum tempo atras, ela mesmo disse que so entraria se tivesse uma reduçao bem grande de custos na F1. Agora poderia ser a chance dela.

  4. Felipe Arantes says:

    A Ferrari hoje possui uma montadora, mas a equipe de Fórmula 1 veio primeiro. Portanto, apesar de hoje ser uma montadora, é uma equipe de essência “garagista”.

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