Fórmula 1 – Onde estão as “Penélopes”?


Mulheres e Fórmula 1 sempre tiveram uma ligação quase que automática. No entanto, esta associação sempre foi lembrada ou pelas gridgirls, ou pelas belas mulheres que se aproximam dos pilotos, ou ainda pelas modelos que fazem promoção durante os finais de semana de corrida. Mas elas, poucas é verdade, também já se aventuraram ao volante deste esporte.

Num esporte tido como masculino, também pelos fatos citados anteriormente, as mulheres tiveram pouco destaque ao longo dos sessenta anos da categoria. A mais famosa de todas foi a italiana Maria Grazia Lombardi, ou Lella Lombardi, que esteve em 16 Grandes Prêmios entre 74 e 76 e teve como melhor colocação um sexto lugar no tumultuado e trágico GP da Espanha de 1975. Este GP foi paralisado antes da metade por um grave acidente protagonizado pelo piloto Rolf Stommelen, da equipe Hesketh, que vitimou fatalmente três bombeiros, um fotógrafo, e feriu mais doze pessoas além do próprio piloto. Na época a pontuação para o sexto colocado era de um ponto mas, como previsto no regulamento, com a paralisação da prova os pilotos que completaram a zona de pontuação levaram metade dos pontos. Até hoje, Lella é a única mulher a pontuar na F1.

Antes dela, outra italiana, Maria Teresa de Filippis havia sido a precursora entre as mulheres a pilotar um Fórmula 1, correndo pela Maserati e pela Porsche, num total de 5 GPs entre 58 e 59.

A terceira mulher inscrita para um GP de F1 foi a inglesa Divina Galica. Contemporânea de Lombardi, Galica participou de treinos apenas, não conseguindo classificação para largar em nenhum GP. Apesar disso, é dela ao lado de Lombardi o fato histórico ocorrido no GP da Inglaterra em 76, única prova até hoje que teve duas mulheres inscritas entre os pilotos.

Em 1980, pela equipe Williams, a quarta mulher, a sul-africana Desiree Wilson que tentou classificação para o GP de seu país, sem sucesso.

Mais recentemente, a italiana Giovanna Amati em 1992 chegou a assinar contrato pela equipe Brabham para a temporada inteira. Tentou classificação para os três primeiros GPs, Brasil inclusive, mas não foi bem sucedida e acabou sendo substituída pelo inglês Damom Hill.

Havia para 2010 a esperança de que mais uma mulher viesse trazer o charme feminino para o cockpit de um F1. Mas esta possibilidade se foi na última semana de novembro. Os rumores apontavam que a equipe norte-americana estreante USF1 contaria com Danica Patrick, também norte-americana, que atualmente corre na Fórmula Indy pela equipe Andretti Autosport, tendo inclusive vencido uma prova. No entanto, Danica preferiu continuar a carreira nos Estados Unidos e renovou por três anos o contrato com a equipe. Na Indy, aliás, está também a venezuelana Milka Duno, mas esta não foi cogitada para a Fórmula 1.

Atualmente, a maior representante nacional é Ana Beatriz Figueiredo, ou simplesmente Bia Figueiredo, que participa da Indy Lights nos Estados Unidos tendo sido, em 2008, a primeira mulher a vencer na categoria.

Ultimamente a Fórmula 1 tem visto alguns de seus pilotos serem chamados de “Dick Vigarista”, em alusão ao personagem trapaceiro do desenho animado Corrida Maluca. O curioso é que neste mesmo desenho, entre tantos personagens masculinos, havia uma única mulher, Penélope Charmosa, com seu carro e roupas cor-de-rosa. Quem será a próxima “Penélope” da Fórmula 1?


Lauro Vizentim

Lauro Vizentim é Engenheiro Mecânico, trabalha há mais de duas décadas na indústria de automóveis. Gosta de criação, design e de... carros. Quando estes três gostos se juntam em uma corrida, tudo se completa. Acompanha a Fórmula 1 desde criança e colabora com o No Trânsito desde 2009.

9 Responses

  1. Silvio says:

    Muito interessante a coluna. Parabéns ao autor por abordar um tema tão interessante e ainda nebuloso dentro das pistas. Cada dia melhor

  2. Rafael says:

    Boa Laurão, sempre impressionando com seu conhecimento sobre a F1.

  3. Fernando Marques says:

    Na minha humilde opinião, a nova “Penélope Charmosa” é a namorada do piloto Lewis Hamilton e tbm vocalista do Pussycat Dolls, a Nicole Scherzinger. Ela é muitooooo linda, sexy e tem uma baita voz. É PERFEITA ! hehehe
    Abraço

  4. Gallego from Moçambique says:

    Para nós brasileiros, não podemos jamais esquecer de uma mera integrante do Movimento dos Sem Terra, posteriormente pousou nua na Playboy e finalmente com todo sua experiência de dirigir tratores e caminhões em fazendas, se tornou uma Penélope Charmosa das Pistas da Fórmula Truck. Débora Rodrigues pilota um Caminhão Rosa Volkswagen, e se encontra em 15 posição na classificação geral. Para quem gosta de emoções pesadas, vale a pena acompanhar a próxima corrida dia 13 de dezembro no autódromo de Brasília.
    Grande Abraço a todos e parabéns ao Lauro por abordar temas e escrever artigos tão interessantes do automobilismo.

  5. Beatriz says:

    Sou mulher, gostaria muito de ver uma fêmea concorrendo na F1 mas tenho noção de que homens dirigem melhor do que mulheres, fazendo com que nenhuma consiga realmente classificação de destaque. Mas, quem sabe um dia. Parabéns ao Lauro pela coluna aqui no site.

  6. Muito legal, parabéns!

    Abraço

  7. Victor BM says:

    Irado o texto, nunca tinha parado pra pensar nesse asssunto.

    Agora vou zuar e dar o meu toque machista muito sutil como de costume. Mulher até sabe acelerar (acelerar qualquer um sabe), o problema é quando precisa frear, se tiver curva junto então… MEU DEUXXX! heheheh

    Se bem que no caso da Bia Figueiredo eu deixava ela me pilotar todinho, venha cá meu pitéuuuu! 😀

  8. Eu só tinha conhecimento da italiana Maria Teresa de Filippis (Maserati), das outras, não tinha o conhecimento até agora. Eu adoraria ver uma mulher na F1, só que seria muito difícil pra ela se manter, é uma categoria complicada para homens (que dirigem bem por natureza)então…imagine para mulheres?

    Li uma vez uma matéria com a entrevista da Bia Figueiredo, ela disse que não quer participar da F1, porque o pessoal envolvido com a categoria liga muito para o dinheiro e não muito para o esporte em si. Fiquei triste com isso, mas no fundo ela tem um pouco de razão, de que o dinheiro é mais importante que o esporte, porém…não vejo necessidade de “esnobar” a F1 por conta disso, se os outros ligam pro dinheiro, deixa. Se vc se importa mais com o esporte, ótimo, faça a sua parte, que serás reconhecido(a).

    Gostei muito da matéria Lauro!
    bjs

  9. Lauro says:

    Olá pessoal,

    Quero agradecer aos leitores pelo carinho e pela boa receptividade de nossos textos. Espero que esta nossa relação seja longa e sempre positiva.
    Sobre esta coluna em específico, posso dizer que a Fórmula 1, assim como outras categorias no automobilismo, exigem acima de tudo habilidade e conhecimento técnico. Exemplos como Danica Patrick, Bia Figueiredo e até Debora Rodrigues demonstram que, se existem diferenças entre homens e mulheres neste esporte, elas estão se tornando cada vez menores.
    A falta de mulheres no automobilismo se deve também ao pouco incentivo existente por parte de patrocinadores, federações e até das famílias que tradicionalmente esperam um homem como piloto. Mas eu acredito que a Fórmula 1 voltará a ter uma piloto e espero que ela tenha sucesso.
    Um abraço à vocês.

Leave a Reply to Lauro Cancel reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *