Fórmula 1 – Os melhores, por eles mesmos.


Ayrton Senna, tricampeão de Fórmula 1 morto há 15 anos, foi eleito na semana passada o maior piloto da categoria de todos os tempos. E seus eleitores foram nada menos que os próprios pilotos. Segundo pesquisa realizada pela revista inglesa Autosport apenas com pilotos e ex-pilotos da maior categoria do automobilismo, ou seja, gente que esteve lá dentro, que ultrapassou e foi ultrapassado, que ganhou e que perdeu corridas e até títulos, Senna é insuperável. Somados, os 217 pilotos escolhidos, dentre eles representantes da década de 50 até pilotos atuais, juntos somavam mais de nove mil largadas. O critério para a escolha era simples: cada piloto deveria fazer a sua lista constando, em sua opinião, os 10 maiores de todos os tempos. Era então atribuído 10 pontos ao primeiro, 9 ao segundo e assim sucessivamente até o décimo colocado levar um ponto.

Depois de Senna, a lista dos top five trouxe em segundo Michael Schumacher, seguido de Juan Manuel Fangio, Alain Prost e Jim Clark. Dentre os pilotos em atividade, Fernando Alonso foi o melhor classificado ficando em nono. Lewis Hamilton foi 17º, Kimi Raikkonen 22º, Sebastian Vettel foi 26º e o atual campeão Jenson Button foi o 30º.

Estas pesquisas sempre são interessantes porque criam alguma polemica por causa dos critérios e do resultado em si. Desta vez, considerando-se apenas a opinião de pilotos, a discussão deve ser menor. Na minha opinião, a lista dos top five está bem representada, sem dúvida, mas a ordem sempre vai ser discutível. Ainda na minha maneira de ver, a carreira de Schumacher é insuperável pelos resultados. Vi a carreira deste alemão na Fórmula 1 desde sua estréia, assim como vi a de Senna também por completo e me recordo de boa parte da trajetória de Prost.

Antes de Schumacher ser campeão pela primeira vez em 1994, Senna já tinha seus três títulos, Prost seus quatro campeonatos e obviamente Fangio já era pentacampeão. Prost se retirou das pistas no final de 93 e Senna morreu tragicamente cinco meses depois. Só os dois, na opinião de quase todos que acompanhavam a Fórmula 1 na época e minha inclusive, é que poderiam igualar os cinco títulos de Fangio. Superar o pentacampeão era tarefa praticamente impossível, mesmo para Senna, que precisaria dobrar o número de títulos e já estava com 34 anos de idade. Eis que em dez anos apenas, em 2004 Schumacher já tinha sete títulos, obteve 1 vice-campeonato (seriam 2 se não tivesse sido desclassificado em 1997 por conduta anti-esportiva) e poderia ter ganho no mínimo mais um título, em 99, mas ficou de fora de 7 corridas por causa de um acidente em Silverstone que lhe causou fraturas em uma das pernas. Para mim, foi o maior piloto que vi correr.

Entretanto, é indiscutível o fascínio e admiração que Ayrton Senna exerceu e ainda exerce sobre os fãs da Fórmula 1 e sobre os pilotos, incluindo o próprio Schumacher, que chorou na entrevista coletiva após igualar o número de vitórias de Senna (41 na ocasião), no Grande Prêmio da Itália, em Monza, no ano 2000.

Fangio foi inspiração de todos com seus cinco títulos conquistados logo nos primeiros anos da Fórmula 1. Alain Prost era chamado de professor e me lembro de uma corrida em que o narrador dizia espantado que ele havia feito três voltas seguidas com o mesmo tempo na casa dos centésimos de segundo. Jim Clark largou apenas 72 vezes, venceu 25 e fez 33 pole-positions.

Cinco gênios. Poderíamos escrever milhares de páginas sobre este assunto e sobre eles. Para encerrar a coluna, digo que Senna foi mais veloz, Schumacher mais eficiente, Fangio mais corajoso, Prost mais técnico e Clark mais versátil. Certo mesmo é que todos eles, em suas melhores épocas, foram imbatíveis e merecem a lembrança eterna dos fãs.


Lauro Vizentim

Lauro Vizentim é Engenheiro Mecânico, trabalha há mais de duas décadas na indústria de automóveis. Gosta de criação, design e de... carros. Quando estes três gostos se juntam em uma corrida, tudo se completa. Acompanha a Fórmula 1 desde criança e colabora com o No Trânsito desde 2009.

3 Responses

  1. Guilherme Maia says:

    Parabens!
    extremamente interessante a coluna que voce escreveu!
    gostei muito
    abraços

  2. Lucas Brunckhorst says:

    Um dos melhores Post’s que já presenciei aqui no site.

    Obviamente, não pelas fotos, mas sim pelo excelente texto!
    Lauro, meus párabens! Você escreve muito bem!

  3. Victor BM says:

    A Fórmula 1 já teve tempos mais “gloriosos”, ultimamente anda sem sal sei la.

    O Alonso ta na Ferrari agora né, vamos ver se ele traz alguma emoção pra gente, porque a temporada de 2009 não teve nem um pouco do brilho do passado (pelo menos pra mim, não entendo bulufas, mas vamos esperar pra ver).

    Parabéns pelo texto Lauro, sempre que você posta venho aqui ler e aprender um pouco sobre a F1.

Leave a Reply to Victor BM Cancel reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *