Fórmula 1 – Tudo Azul


Se por um lado as previsões meteorológicas falharam e a tão esperada chuva não se fez presente desta vez, a aguardada vitória de Sebastian Vettel e a dobradinha da Red Bull com Mark Webber em segundo deixaram tudo azul no clima da Fórmula 1.

Mas foi debaixo de uma chuva forte, no sábado, que a Red Bull começou a mostrar sua superioridade com a pole-position de Mark Webber, que se calçou de pneus intermediários e mesmo se arriscando mais que os outros, colocou quase um segundo e meio sobre o segundo colocado, Nico Rosberg, da Mercedes. Vettel conseguiu um bom terceiro tempo e Adrian Sutil, com sua Force India em quarto, completaram as duas primeiras filas. Mas nada chamou mais a atenção no sábado do que a ausência dos dois carros da Ferrari e da McLaren nas primeiras posições. Na McLaren, enquanto um de seus pilotos, Button, rodou e deixou o carro na brita ainda no Q1 (primeira parte do treino classificatório), o outro, Hamilton, não conseguia nada além de uma vigésima posição no grid por ter marcado sua volta rápida em um momento de chuva forte. “Cercando” Hamilton no fundo do grid, Alonso e Massa, que também erraram o momento de ir para a pista e fizeram com isso a alegria das pequenas Virgin e Lotus. A Lotus, mais especificamente, corria “em casa”, e coube a Kovalainen levar o carro Britsh Green ao Q2, assim como Timo Glock levou a Virgin na mesma situação.

O esperado era um clima chuvoso também para o domingo, mas na hora da largada, a pista estava seca. Para Ferrari e McLaren, nada mais adequado para uma corrida de recuperação.
Na largada, Vettel deixou Rosberg e Webber para trás antes da terceira curva. Kubica, que largou em sexto, já era o quarto e Adrian Sutil segurava Schumacher, que também ganhou posições na largada, uma delas de Rubens Barrichello, que ficou perigosamente parado no apagar dos sinais vermelhos e por sorte não foi atingido por ninguém. Ainda conseguiu partir, só que na última posição. Pior foi Pedro de La Rosa, da BMW Sauber, que nem largou com problema no motor Ferrari.

Previsão acertada para McLaren e Ferrari, Hamilton puxava os chamados “grandes” fazendo uma corrida muito agressiva assim como fizera na Austrália. Na briga interna da Ferrari, Massa levava a melhor sobre Alonso e Button ficava para trás. Mas o atual campeão do mundo recuperou-se um pouco e já tinha ultrapassado Alonso quando foi para os boxes para, quem sabe, poder surpreender novamente como na corrida vitoriosa em Melbourne.

Nesse momento, Michael Schumacher abandonava quando era sexto colocado, por causa de uma porca que se soltou de uma das rodas traseiras.

O grande “pega” da prova foi entre Vitaly Petrov e Lewis Hamilton pela nona posição. Depois de ter sido ultrapassado por Hamilton, o russo tomou de volta a posição na curva seguinte. Na seqüência, Hamilton deu o troco em Petrov e segurou o piloto da Renault com um zigue-zague em plena reta dos boxes, o que, no meu ponto de vista, deveria ser melhor observado pelos comissários de pista. Isso porque em uma disputa por posição, o piloto que está se defendendo só pode alterar o traçado uma vez para impedir a ultrapassagem de seu oponente, e o que Hamilton fez, ainda que espetacular, me pareceu irregular.
Na estratégia, Alonso foi o que mais se segurou na pista com o primeiro jogo de pneus. Faltando menos de vinte voltas para o final, o espanhol voltou dos boxes tirando na média um segundo e meio por volta e se aproximava de Massa, que nessa altura estava preso atrás de Button. Mas quando Alonso chegou em definitivo, Massa fez uma ótima ultrapassagem sobre o inglês e se firmou no sétimo lugar. Era então a vez de Alonso brigar com o inglês, mas Button se defendia bem. No entanto, duas voltas antes da bandeirada, o espanhol forçou para cima da McLaren número 1 e, além de tomar um “xis”, viu o motor de sua Ferrari quebrar e obrigá-lo a abandonar a prova definitivamente. Pior que isso, esse abandono lhe custaria também a perda da liderança do mundial.

Embora tenha abandonado a duas voltas do final, Alonso terminou em décimo terceiro, à frente da Virgin de Lucas di Grassi (que fez sua melhor corrida pela equipe até aqui), da dupla da Hispania (que pela primeira vez chegou com seus dois carros ao final da prova, com Chandhok colocando uma volta sobre Bruno Senna), e de Jarno Trulli, que trouxe a única Lotus na última posição.

No grupo intermediário, destaques para Jaime Alguerssuari da Toro Rosso e Nico Hulkenberg da Williams, que auxiliados pelo regulamento deste ano, marcaram seus primeiros pontos na categoria, em nono e décimo lugares respectivamente.

Lá na frente, enfim, Vettel comemorou uma vitória que já era merecida desde o Bahrein, e com autoridade. Webber, que teve um pequeno problema no pit-stop, foi de novo o dono da volta mais rápida da prova e completou a dobradinha da Red Bull sem ter ameaçado o jovem alemão em nenhum momento. Nico Rosberg fez um bom terceiro lugar e se firmou de vez na Mercedes. Faz, diga-se oportunamente, um campeonato consistente e merece vários elogios, pois não se imaginava tamanha superioridade do jovem Rosberg, em treinos e corridas, sobre ninguém menos que Michael Schumacher, seu companheiro na equipe alemã. Adrian Sutil, com o quinto lugar pela Force India, também é digno de aplausos, principalmente por ter segurado o ímpeto de Lewis Hamilton.

Mas quem merece um destaque especial neste início de campeonato é Robert Kubica. Se a segunda posição na Austrália contou com a ajuda de um circuito mais travado, pista escorregadia e a saída de alguns adversários logo na primeira curva daquela prova, o quarto lugar na Malásia mostra que esse polonês é dono de um talento imenso, especialmente neste momento de reformulação da Renault. Havia até um boato, durante os treinos, que seu destino em 2011 será a Ferrari. Pode até ser, mas para isso, Kubica terá de substituir o atual líder do campeonato, Felipe Massa, e isso passa a ser pouco provável agora.

O campeonato embola com Massa, Alonso, Vettel, Button, Rosberg, Hamilton e Kubica, nessa ordem, separados por apenas nove pontos. E vale lembrar que com o novo regulamento, a diferença entre a vitória e um segundo lugar é agora de sete pontos. Só por curiosidade, se a pontuação fosse ainda a do ano passado, a ordem seria quase a mesma, invertendo-se apenas Button e Rosberg, só que a diferença seria de cinco pontos entre primeiro e sétimo colocados. E por incrível que pareça, o líder do campeonato ainda não venceu este ano, justamente com um regulamento que valoriza muito mais a vitória.

Nas equipes, a Ferrari continua liderando, seguida pela McLaren, Red Bull e Mercedes, como esperado.

Vejo vocês na China, em Xangai, em duas semanas. Um grande abraço e até lá.

Lauro Vizentim

Lauro Vizentim é Engenheiro Mecânico, trabalha há mais de duas décadas na indústria de automóveis. Gosta de criação, design e de... carros. Quando estes três gostos se juntam em uma corrida, tudo se completa. Acompanha a Fórmula 1 desde criança e colabora com o No Trânsito desde 2009.

4 Responses

  1. Lucas Brunckhorst says:

    Grande Lauro! Obrigado por mais uma espetacular narração!

    Creio que deve estar contente com o resultado, visto que nossos amigos já revelaram sua suposta “paixão”.

    Da corrida, acho que esperava um pouco mais de emoção depois da anterior. Mas também, não é todo dia que vemos um espetáculo com aquele.

    Estou no aguardo da próxima, torcendo por nosso brasileiro!

    Um abraço a todos e uma boa semana.

  2. RTP says:

    Grande Lauro…não vi as duas ultimas corridas por causa do horário. O sono está SuperVeloce, 0 a 100 em 3,2s. hehe. Mas seus textos estão passando muito bem o clima do campeonato. Parabéns cara! Até Xangai… Boa semana a todos.

  3. Lauro says:

    Olá Lucas,

    Realmente a maioria dos GPs não é tão emocionante como a maioria gostaria que fosse. Alguns ingredientes que trazem emoção, como um pneu furado, um toque que obriga uma troca do bico, a chuva ou mesmo uma bandeira vermelha, no fundo mesmo, ninguém que trabalha nas equipes e nem os pilotos querem, pois arruína qualquer estratégia. Mas sem dúvida fica mais divertido de assistir.
    Agora essa história de paixão pela Red Bull é “conversa pra búfalo dormir”.
    Um grande abraço e obrigado por nos prestigiar.

  4. É isso: não vá para a cama sem ele, o Programa do Jô; e não vá trabalhar na segunda sem ela, a coluna do Lauro!

    Só posso dizer uma coisa quanto a essa corrida, além da tremenda “cavalada” da Ferrari no sábado: ESTRAGOU O PALPITE DE TODO MUNDO NO BOLÃO! hehehe… Mas caísse aquela chuva no domingo em vez do sábado, estaríamos todos aqui lamentando a baderna que teria sido a disputa no molhado. Voto por uma prova às 15h ou antes em Sepang nos próximos anos.

    Abraços!

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