Esqueceram de mim?


Vettel volta a vencer, faz dobradinha com o companheiro Webber e divide agora a vice-liderança do mundial com Alonso. Button e Hamilton se distanciam da disputa, mas todos vão ter de enfrentar o desconhecido circuito coreano, onde muita coisa poderá ser decidida.

Temporal da Red Bull na sexta, temporal de São Pedro no sábado.

Nos treinos livres da sexta, a Red Bull (pra variar) dominou os treinos e confirmou o favoritismo que já era esperado dos foguetes azuis na terra do sol nascente. A surpresa era o excelente rendimento da Renault de Kubica que andava logo atrás dos carros de Vettel e Webber. Hamilton queria mostrar que os últimos erros estavam superados e, errou de novo. Bateu na sexta-feira e deu trabalho para os mecânicos da McLaren, trabalho este que só não foi maior porque Button não chegou a tocar no muro quando seu carro saiu na mesma curva que o de Hamilton. Mesmo assim, os carros da McLaren se mostravam competitivos para o final de semana. No time vermelho, os dois carros da Ferrari encontravam certa dificuldade de acerto, mas andaram bem no segundo treino livre da sexta, sempre com Alonso superando Massa, que andou declarando durante a semana que preferia parar de correr se fosse para ser segundo piloto. Esta declaração fez com que o presidente da Ferrari, Luca de Montezemolo, se pronunciasse, dizendo que esperava de Massa um comportamento de primeiro piloto para ajudar Fernando Alonso na disputa pelo título.

Só que caiu um balde d’água fria sobre a cabeça dos pilotos no sábado. Um só não, vários. A previsão do tempo acertou na mosca e a chuva forte sobre Suzuka provocou o adiamento do treino para o próprio domingo, apenas cinco horas antes da largada.

E na hora de medir forças com a Red Bull, Hamilton foi quem mais se aproximou do pole position Vettel e de seu companheiro Webber. Mas Hamilton foi penalizado em cinco posições pela troca do câmbio de seu carro e largou apenas em oitavo. Sorte de Kubica, que mostrou que a Renault vinha forte e se colocou na segunda fila, junto com Alonso. Button, abria a terceira fila e trazia Rosberg. Em sétimo, Barrichello confirmava a evolução da Williams e Hülkenberg vinha logo atrás, ambos separados apenas pelo McLaren de Hamilton como já dissemos. Schumacher completou a quinta fila. Massa foi apenas o décimo segundo.

Estranhos abandonos

Definitivamente não era o final de semana de Felipe Massa. Além do relatado acima, a corrida do Japão durou apenas alguns metros para o brasileiro. Tentando uma ultrapassagem sobre Rosberg, que largou muito mal, Massa colocou duas rodas na grama e atravessou a pista acertando o Force India de Liuzzi, eliminando também o italiano da corrida. Pior mesmo, só a trapalhada de Petrov sobre Hülkenberg (outro que largou com o freio de mão puxado) logo nos primeiros metros. O russo calculou mal à distância quando ultrapassava a Williams e saiu da pista em plena reta dos boxes. E continuando a sessão “saí e não entendi porque”, estranhamente a Renault de Kubica perdeu a roda traseira esquerda quando o polonês já tinha ultrapassado Webber na tumultuada primeira volta. Agora nada se comparou ao que aconteceu com Lucas Di Grassi. O brasileiro trazia o carro para o grid, na volta de instalação e em velocidade relativamente baixa quando foi surpreendido pela vontade própria do carro da Virgin, que parecia ter marcado um encontro secreto com um dos muros do circuito. Em resumo, uma Virgin muito saidinha.

Durante o safety-car, que ficou por cinco voltas, Rosberg fez seu pit-stop tentando mudar a estratégia prejudicada pela má largada. Quando houve a re-largada, os cinco primeiros já eram Vettel, Webber, Alonso, Button e Hamilton, que deixou Barrichello para trás, assim como Schumacher o fez nas voltas seguintes.

Button era o único dos líderes que largou com pneus duros. O atual campeão do mundo seria o último dentre os ponteiros a parar, já que todos realizaram seus pit-stops mais ou menos no meio da prova. Liderou por algumas voltas, mas perdia rendimento à medida que seus pneus iam se desgastando. Vettel, Webber, Alonso e Hamilton vinham se aproximando quando Button resolve fazer a parada e volta em 5º, mas logo ultrapassa Hamilton que comunicou pelo rádio estar com uma das marchas a menos.

Pouco mais atrás, Rosberg e Schumacher travaram o primeiro combate direto na temporada, com Rosberg segurando o heptacampeão com o bom senso que lhe fora pedido através do rádio da equipe. A briga só terminou quando Rosberg bateu sozinho depois de também ter uma das rodas traseiras soltas.

Mas a atração da prova era um dos pilotos da casa. Kamui Kobayashi foi apenas o 14º na classificação, mas vinha abrindo caminho sobre os adversários na marra, sem tomar conhecimento de quem era. Chegou a andar em sexto, mas terminou em sétimo deixando para trás seu novo companheiro de equipe Heidfeld. Schumacher terminou em sexto.

No pódium, todos satisfeitos

Vettel não vencia desde o GP da Europa e a Red Bull, apesar de ainda ter o melhor carro da temporada, não fazia uma dobradinha desde o GP de Mônaco. E a alegria de Vettel se justificava ao final da prova porque agora ele já tem os mesmos pontos de Alonso na classificação geral, só que uma vitória a menos. Webber fez uma corrida pensando no campeonato. Embora não tenha forçado sobre Vettel, fez a melhor volta da prova, mas o mais importante foi ter saído do Japão com 14 pontos sobre os adversários mais próximos, três a mais que quando chegou e restando agora uma etapa a menos. Para Alonso, o terceiro lugar era o máximo que se poderia esperar tamanha a superioridade da Red Bull e, beneficiado com o abandono precoce de Kubica e as complicações de Hamilton, o asturiano se mantém firme na briga pelo mundial. O fato de não ter de brigar com o companheiro de equipe pode lhe dar vantagem nesta reta final.

Para os pilotos da McLaren, ficou mais difícil. As próximas pistas não favorecem tanto os carros prateados (Brasil e Abu Dahbi principalmente), mas pode ser que a pista coreana, palco da próxima e desconhecida etapa, recoloque os ingleses na briga. Mas é muito difícil agora.

Webber tem a chance da carreira de se sagrar campeão. Vettel quer mostrar que é o primeiro piloto da Red Bull e iniciar sua coleção de prováveis títulos bem cedo. Para Alonso, o tricampeonato no ano de estréia na Ferrari seria algo espetacular, o sonho de qualquer piloto, e minimizaria o episódio polêmico do GP da Alemanha. E eles começam a resolver suas vidas, como já dissemos anteriormente, na desconhecida pista da Coréia do Sul, em duas semanas.

Até lá!

Lauro Vizentim

Lauro Vizentim é Engenheiro Mecânico, trabalha há mais de duas décadas na indústria de automóveis. Gosta de criação, design e de... carros. Quando estes três gostos se juntam em uma corrida, tudo se completa. Acompanha a Fórmula 1 desde criança e colabora com o No Trânsito desde 2009.

3 Responses

  1. João Henrique says:

    Pois é… acho que também sou um caso a ser estudado, rs… faltando apenas 2 corridas para que minha média real fosse calculada, o site fica fora do ar no final do dia logo no momento que eu ia postar meu palpite… pena.
    Tentei até tarde mas desisti e fui dormir. Não era pra ser… Mesmo assim acho que ainda tenho chances não é Lauro?

  2. Mauricio Mikola says:

    Lauro, muito bom o texto… Mas só um comentário antes do meu, e ainda por cima sobre o bolão?

    Abraços,
    Mikola.

  3. Lauro says:

    Ou seja, sem comentários…

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