94.4%

Webber tentou, Alonso até pulou na frente, Hamilton ameaçou demais, mas por apenas seis décimos, mais uma vez, deu Vettel. Quero ver se ele faz isso com três rodas…

Webber ficou com a pole

E parecia que a hegemonia de Vettel estava com os dias contados, mas não a da Red Bull. Webber chegou ao território espanhol com pinta de que seria soberano na prova, visto o que fizera nos treinos de sexta e sábado. Domínio total e o primeiro lugar no grid, quebrando a seqüencia de poles de Vettel que vinha desde o ano passado. Mas o domínio da Red Bull era total, e nem mesmo os problemas no KERS do carro de Vettel abalaram o atual campeão, que se manteve na primeira fila. E qual dos dois contornaria a primeira curva na frente?

Antes, porém, uma passada pelo restante do grid. Hamilton foi o que mais se aproximou dos carros da Red Bull. Aproximar, na verdade, é força de expressão. A McLaren ficou a quase um segundo de Webber e praticamente oito décimos de Vettel, uma diferença que desanimaria qualquer um. E por falar em diferença, Alonso conseguiu se intrometer entre os McLarens de Hamilton e Button, só não ficou a frente por míseros três milésimos. Em casa, o espanhol celebrou também a renovação de contrato com a escuderia italiana até 2016. Esta notícia deixaria qualquer companheiro de equipe preocupado, e Massa parece que vai mesmo dando espaço para outro vir ocupar seu lugar em 2012. O brasileiro ficou apenas em oitavo, superado pelo bom russo Petrov e por Nico Rosberg. Isso porque Schumacher não quis arriscar a volta e se contentou com o décimo lugar. Quem se intrometeu entre eles foi Pastor Maldonado e sua Williams em crise. Crise esta que derrubou seu companheiro Barrichello apenas em 19º por causa de problemas de câmbio.

Quem não precisou se esforçar nos treinos foi Heidfeld, companheiro de Petrov. Enquanto o russo dava tudo lá na frente, Heidfeld curtia o treino enquanto os mecânicos tentavam aprontar o carro para a corrida, vítima de um incêndio sem a cobertura do seguro. Com o último lugar no grid garantido, o negócio foi relaxar e ver outras coisas interessantes do treino.

Logo atrás da Toro Rosso e da Sauber, com seus intrépidos pilotos Buemi, Perez, Alguerssuari e Kobayashi (o ligeirinho Perez deixando o abusado Kobayashi para trás), veio a boa surpresa de Kovalainen e sua Lotus, primeira vez no Q2. Tudo bem que Barrichello, como dissemos, teve problemas, e que a Force India resolveu fazer economia de pneus, mas é muito bom ver uma equipe evoluir, principalmente as pequenas, o que não acontece com a Marussia Virgin e nem com a Hispania. Hispania que conseguiu por seus dois carros na frente do Marussia de Jerome D’Ambrosio.

Alonso ficou com a primeira curva

Todos queriam ver se a primeira curva seria mesmo de Webber, ou Vettel iria impor-se como sempre, ou Hamilton iria aprontar alguma. Que nada. No melhor estilo “quem manda em casa sou eu”, Alonso trava uma disputa espetacular com os carros da Red Bull e toma a ponta que já era de Vettel sobre Webber. Schumacher foi outro que largou bem e pulou para sexto. Quem perdeu muito foi Button, que ficou do lado de fora da primeira curva e foi superado por cinco carros. Mas pior mesmo foi o pneu estourado de Kobayashi, obrigando o japonês a uma parada prematura.

Alonso deixava transparecer que não teria carro para segurar a Red Bull até o final da prova, mas se mantinha a frente para delírio dos conterrâneos misturados aos tifosi. Button começava a se recuperar na prova, ganhando a posição de Buemi, que era nono.

Muito de discute, a cada etapa, como será o comportamento dos pneus e quantas trocas cada piloto deve fazer. Para o circuito espanhol, os simuladores de corrida informavam que entre três e quatro paradas seria o esperado. Para inaugurar as trocas, a Red Bull chama Vettel que em seu retorno à pista não perde tempo em ultrapassar por Button e Massa. Logo na seqüencia, o inglês foi para cima do brasileiro, que se segurava como podia, e não tarda para ultrapassá-lo.

Nesta altura da corrida, Alonso ainda se mantinha na frente, com Vettel em segundo e Hamilton em terceiro, os três separados por menos de um segundo. E Webber tentava chegar neste grupo, para ver se diminuía a sua frustração, já que até antes da largada tinha dominado o final de semana. O lance crucial da corrida acontece na segunda parada de Vettel. A Red Bull tem sido muito rápida nas trocas de pneu, e Vettel voltou extremamente rápido, embora fosse Hamilton que fazia as voltas mais rápidas mesmo com pneus desgastados.

Quando Hamiton vai para os boxes e volta cinco segundos atrás de Vettel, todos já pensavam que Vettel iria abrir e caminhar para mais uma vitória fácil. Contudo, os problemas no KERS do carro do alemão deixavam sua vida mais difícil. E Hamilton começava a tirar a diferença.

Quase metade da prova e Button seguia sua recuperação enquanto Alonso e Webber entram juntos nos boxes. E a Ferrari precisa urgentemente de um treinamento motivacional para sua equipe de mecânicos, com direito a slides bonitos, frases de efeito e “we are the champions” como trilha sonora. Por muito pouco Webber não toma a posição de Alonso ainda nos boxes. E ambos ainda iriam protagonizar uma briga com direito a ultrapassagem de Webber e troco de Alonso na pista.

E Vettel fica por cima de todos.

Na McLaren, Hamilton retorna de mais uma parada em segundo, com pista livre para caçar Vettel, enquanto Button, que depois de voltar em quinto da sua segunda parada, ganhou as posições de Alonso e Webber, subindo para terceiro. Grande corrida de Button, que se recuperou de sua largada ruim e garantiu um lugar no pódium. Melhor que Button, apenas, o destaque para a excelente recuperação de Heidfeld, que chegou ao oitavo tendo largado em último.

Massa precisa urgentemente de resultados, mas antes mesmo de abandonar com problemas no câmbio, já tinha tomado uma volta de Vettel e Hamilton quando era o oitavo. Realmente a fase é ruim e Alonso, mesmo com limitações nítidas da Ferrari, ao menos mostra mais competitividade, o que garantiu ao espanhol o quinto lugar e ainda a melhor volta da prova. Mas ainda tinha o “pega” lá na frente.

Hamilton virava cada vez mais rápido e tentava os ataques na reta principal, mas o circuito catalão não favorece as ultrapassagens no final da mesma, isso porque os carros que estão atacando não conseguem entrar tão próximos do carro da frente devido à turbulência. Embora chegasse muito na parte do miolo do circuito, Hamilton não conseguia concretizar a ultrapassagem. Isso só poderia resultar em uma chegada muito próxima de ambos, separados por apenas seis décimos de segundo.

Na corrida menos movimentada do campeonato, Vettel mais uma vez consegue a vitória, a quarta em cinco etapas e mais um segundo lugar, nada menos que 94.4% de aproveitamento como diriam os matemáticos, ou, um banho total como se diz no popular. Mas Hamilton venceu uma e chegou duas em segundo e uma em terceiro como melhores resultados, e vem aí uma seqüencia interessante de Mônaco, Canadá, Valência e Silverstone, que pode ajudar o inglês. Claro que se eu tivesse que apostar meu salário (que não é muito, mas é mais que eu mereço), eu apostaria em Vettel ainda. Mas, por enquanto, Vettel só tem que se preocupar em inovar nas comemorações via rádio depois da bandeirada, ao receber os cumprimentos da equipe. Desta vez, mandou um “yabadabadabadoo”, dos Flinststones, ao vivo, embora esteja mais para o “beep-beep”, do Papa Léguas.

Um abraço e até o principado.