Test-drive – Nissan Leaf


Na última quinta-feira fomos conhecer o primeiro carro 100% elétrico produzido em larga escala e que poderá vir para o Brasil.

Nissan Inova Show

O encontro com o carro do “futuro” se deu através do Nissan Inova Show, um evento que percorrerá 30 cidades brasileiras para que os consumidores conheçam e até mesmo dirijam um carro elétrico. A Nissan também apresenta aos consumidores e à imprensa o Nissan March, um veículo compacto que virá para brigar diretamente com o Fiat Palio e o Volkswagen Gol.

Além destas duas atrações, também é possivel conhecer, dirigir e adquirir com descontos especiais qualquer modelo da linha Nissan.

Muita gente deve estar se perguntando “Oras, mas para que a Nissan promove um evento ao redor do Brasil para mostrar um carro que nem sabe se virá para cá?”. O objetivo da Nissan é de avaliar a opinião e aceitação do público frente a um carro com conceitos diferentes do que estamos acostumados a ver e com isto obter do governo incentivos para que, em breve, ele possa se tornar realidade nas ruas brasileiras. Atualmente seria inviável a venda do Nissan Leaf no Brasil, pois seu preço ultrapassaria facilmente os 100 mil reais.

Nos Estados Unidos, o Leaf é comercializado por cerca de 32 mil dólares e ainda há diversos abatimentos de incentivo proporcionados pelo governo para alavancar as vendas, podendo chegar aos 6 mil dólares de desconto. O mesmo tipo de incentivo ocorre na Europa, e as vendas nestes locais aumentam a cada mês.


Impressões ao dirigir

Desde que recebi o convite da Nissan estava muito ansioso para conhecer e dirigir um veículo totalmente elétrico, pois seria uma experiência totalmente nova, afinal de contas, trata-se de um carro que não faz barulho, não possui câmbio, tem torque disponível a todo instante e ainda por cima não possui escapamento.

Minha primeira impressão logo ao entrar no veículo foi de como os bancos são macios e todos no carro possuem visão ampla para fora, que aliados ao silêncio interno proporcionam uma enorme sensação de conforto e bem-estar. Este tipo de sensação é importante para um carro feito especialmente para a cidade.

Ao ligar o Leaf, o único barulho que ouvimos é uma breve música que vem do painel de instrumentos para avisar ao condutor que o veículo acaba de ser ligado. Ao sair da inércia continuamos não ouvindo nada e chega a ser confuso para quem dirige este tipo de carro pela primeira vez, pois estamos acostumados a ouvir o barulho do motor, vibrações e até mesmo a troca de marcha. Nada disto está presente no Nissan Leaf. A impressão é semelhante ao andar em um carro de golf.

A performance do veículo agrada, ao pisar fundo no acelerador o carro acelera instantaneamente de forma ágil e constante e não sai disto até que atinga sua velocidade máxima (150 km/h) ou tire o pé do acelerador. Só não é mais “esportivo” porque não produz barulho.

Motor & Tecnologia

Como sabem, o Leaf não possui um motor à combustão. O que move o veículo são baterias que juntas são capazes de gerar 107 cv de potência e 28,5 kgfm de torque, os quais estão sempre disponíveis. O desempenho é semelhante ao de um carro equipado com um motor V6.

Para aliviar o gasto das baterias e aumentar a autonomia, a Nissan agregou ao veículo freios regenerativos e um painel solar (vendido como opcional) para gerar energia diretamente para funções mais simples, como o sistema de som.

Alimentação & Autonomia

O Nissan Leaf pode ser carregado de duas formas: utilizando uma tomada comum de 220v, 110v ou através de uma estação portátil (veja foto abaixo) para produzir uma recarga mais rápida de 440v.

Ao utilizar este modo rápido, para obter 80% de carga é necessário apenas 30 minutos. Um ciclo de carga completo em 220v leva 8 horas, enquanto em 110v pode levar longas 21 horas.

Junto do veículo vem uma mochila de recarga que fica localizada no porta-malas para que o condutor possa realizar a recarga em qualquer local.

Com 100% de carga a autonomia média é de 160km e há uma opção de modo econômico para extender ainda mais esta média.

As baterias possuem garantia de 8 anos ou 160.000 km.

Itens de série

O Leaf possui todos os itens de série encontrados em veículos de passeio do mesmo porte. Ar-condicionado, GPS, partida sem chave, direção elétrica, vidros elétricos, Bluetooth, rodas de liga leve aro 16, freios ABS, controle de tração e seis air-bags.

Há ainda alguns itens que são vistos somente em veículos de alto-padrão, como faróis dianteiros em LED, monitoramento da pressão dos pneus, câmera de ré e um sistema que indica através do GPS o ponto de recarga mais próximo.

Quem possui smartphone vai gostar: o celular “inteligente” pode ser sincronizado com o carro para acessar as funções de carga. Desta forma é possivel programar a carga do veículo e ser avisado quando ela estiver concluída. O ar-condicionado também pode ser ligado pelo celular.

Design

Por se tratar de um veículo silencioso e com autonomia limitada, sua aerodinâmica teve que ser aprimorada de forma que não evidenciasse o barulho externo vindo do vento ou da própria estrada e que possuisse o menor arrasto possível para “flutuar” pelas vias economizando assim energia. Para isto, os faróis dianteiros e capô do Leaf possuem um formato que induz o vento para fora do carro para evitar que cheguem ao interior e proporcionem um barulho incomodo aos passageiros.


Minha opinião

Já fui apresentado a todos os tipos de carros ao redor do mundo e ainda tive a oportunidade de dirigir muitos deles, mas posso afirmar que o Nissan Leaf foi um dos carros mais impressionantes que já conheci. É um carro que certamente definirá junto a outras tecnologias o futuro do automóvel. Sei que a bateria destes carros são grandes inimigos do meio-ambiente e acabamos trocando seis por meia dúzia, mas os veículos elétricos podem aliviar potencialmente as poluições, tanto do ar quanto sonoras, dos grandes centro urbanos. Isto garantirá a população que ali vive maior qualidade de vida.

Outro fator importante para compensar suas baterias não-sustentáveis é sua fabricação em larga escala, a qual reduzirá seu tempo de avanço tecnologico para se tornar algo cada vez mais sustentável. Enquanto estes carros forem somente protótipos o avanço será muito mais lento.

Sabemos que é impossível e nem faz sentido transformar toda frota mundial em elétrica, mas balancear veículos movidos a combustível fóssil com veículos elétricos, híbridos e até mesmo movidos a hidrogênio, fará com que haja uma redução significativa na emissão de gases poluentes na nossa atmosfera. Entretanto, para que isto aconteça, é preciso que eles estejam nas ruas, e não nos salões de automóveis e nos museus das montadoras.

Se houvesse incentivo por parte do governo brasileiro em comercializar o Nissan Leaf ou qualquer outro veículo 100% elétrico, eu com certeza consideraria ter um na minha garagem. Mas por enquanto, pelo menos no Brasil, será brinquedo de milionário ou carro de madame “ecologicamente correta”…


Guilherme Nascimento

Guilherme é fotógrafo automotivo e sua especialidade são os carros exóticos. Criou o site “No Trânsito” em março de 2007 como uma forma de mostrar suas fotos ao mundo.

8 Responses

  1. Parabéns pela matéria e visão sobre a realidade. Lembre-se que aqui a mudança radical no atuais conceitos de mobilidade urbana, qualidade de vida e quetais,será imposta a sociedade brasileira pelos nossos jovens estudantes, que estão sendo educados para viver num pais mais limpo e melhor. Enquanto aguardamos na “geralzona”, os países de 1º mundo tratam de agir para proteger o futuro das suas crianças. Abração.

  2. Victor BM says:

    É isso ai meu jovem, excelente matéria.

    O maior problema desses carros é o preço mesmo…

  3. Eduardo Fonseca says:

    olha só….acho realmente um avanço tecnológico, algo que inevitavelmente tomara conta das ruas em um futuro, acredito não muito distante. Claro que acho muito pouco provável que os carros 100% elétricos substituam os carros “normais”, porém como bem disse o Guilherme, é um bom momento para ele façam parte do nosso dia a dia trazendo benefício com a redução de emissão de poluentes e também com a poluição sonora….isso se aqueles caras que adoram equipar seus carros não colocar um Tuuuurbo virtual…..hahahaha….mas de verdade, acho que é um carrinho que tem muito beneficio pra trazer pra sociedade.

    Um ponto me preocupa, e muito. Quando surgiu a opção de termos carros que aceitasse álcool e gasolina, ou popularmente chamados de Flex, convivíamos com uma diferença absurda nos valores entre gasolina X álcool. O Álcool chegou a preços como R$ 0,80 valendo muito à pena ter um carro Flex de alta tecnologia embarcada que permitia essa escolha. Acontece que rapidamente, em questão de poucos anos, o álcool passou a ter preços extratosféricos chegando ao absurdo de ultrapassar a barreira dos R$ 2,00 em muitos lugares do país e nunca mais voltou aos preços que davam gosto de parar num posto e pedir pra encher o tanque.

    E ainda temos que conviver com as eternas desculpas da safra, entre-safra e o escambau e bla bla bla

    Tudo isso pra chegar na seguinte situação: A Nissan ainda não preve o lançamento deste carro por aqui, porém depende, claro primeiramente do interesse dos brasileiros, e também de incentivos do governo para que seja viável esse lançamento por aqui, mas por experiência própria posso afirmar que em pouquíssimos anos esses “incentivos” já não valerão mais à pena. Talvez o preço que deveremos pagar para dar uma carga no carro se torne absurdo…..e se desejar uma carga rápida (aditivada) então nem se fale……infelizmente vivemos em um País onde sempre o povo sairá perdendo no final….INFELIZMENTE

    Desculpem o desabafo, mas realmente é revoltante!!!

    Isso pq nem falei do GNV, que é outra vergonha!!!

    Bom, as fotos ficaram ótimas Guilherme e suas “impressões ao dirigir” transmitiram um pouco desta sensação que teve, o resto só dirigindo mesmo pra saber.

    Abraços galera do NT

  4. The Stig says:

    Eu tive o imenso prazer de dirigir essa obra da engenharia aqui no Rio, num evento há algumas semanas num estacionamento de um shopping. A mecânica do carro é fantástica: acelera muito fácil, é imediato. Vc pisa e ele responde, sem aquele leg de marcha a marcha ou mesmo nos automáticos. Guardadas as devidas proporções, lembra uma moto 600cc em 3 marcha, numa saída de sinal. A velocidd final não é alta, mas na cidade, 160 tá bom demais. Faz curvas fechadíssimas, impensáveis para carros “normais”. Isso sem falar no porte do carro: anguloso e grande, sem parecer estar na condução de uma minivan. Enfim, eu teria na garagem, ao lado de um bom e velho M3 coupé V8.

  5. Alexandre Pinho says:

    Bravo Guilherme, meus parabéns!

  6. Eu acho q carros 100% elétricos não são a solução, mas sim os hibridos, que tem mais autonomia, e mais poderiam inventar um hibrido que o motor a combustão fosse a alcool, sendo mais ecologico que a gasolina… mas enquanto o governo brasileiro não fizer algum tipo de incentivo como o de varios países, o carro hibrido fica inviavel, como o fusion (50 mil a mais que o 2.5) que só vale a economia que a eletricidade vai te dar se voce ficar 30 anos com ele (li isso em algum lugar)… ainda prefiro combustao e escapamento berrando um belo V8

  7. Guilherme, esse evento foi no sambodromo de qual cidade? Sabe se passarao por Campinas?

    Abs!

  8. Gian says:

    Ainda não acho que carros elétricos são a solução…não são funcionais,são caros e o que se salva de CO2 emitido,gasta-se para produzir uma unidade desses e suas baterias…acho que se deve investir em novas tecnologias sim,mas que apresentem uma real alternativa para o dia-a-dia..a quem disso,ótimas fotos =D

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