Oito e doze, mas não é uísque, cowboy.


Oitava vitória consecutiva de doze no ano, recorde e passeio pelo domingo quente do Texas. É Sebastian Vettel, para todo mundo tirar o chapéu.

Sobre colunas e direções

Eu tenho tanto, pra lhe falar …

É amigo, aconteceu tanta coisa nestas duas semanas entre os GPs dos EAU e dos EUA (sacou né?!) que eu vou com certeza esquecer de algo e, se eu esquecer, é porque talvez não seja tão importante assim. Vamos aos fatos mais importantes deste período agitadíssimo fora das pistas.

Fernando Alonso, por exemplo, sofreu muito com dores na coluna depois do acidente em Abu Dhabi. Chegaram a cogitar a sua ausência no grid da etapa americana, mas, o asturiano fez uma espécie de teste no vestiário antes do jogo e foi liberado. E na acirrada disputa pela preferência do time de Maranello, Raikkonen saiu na frente, pelo menos no que diz respeito manter a coluna ereta. Sem pagamento por parte da Lotus, o finlandês deixou um dos cockpits mais disputados da Fórmula 1 livre para quem quisesse disputar os dois últimos GPs da temporada e foi submetido a uma bem sucedida cirurgia para lhe livrar das dores que o afetavam mais insistentemente na segunda etapa do mundial. Saiu pela porta dos fundos da equipe de Enstone e abriu uma especulação das mais interessantes sobre quem o substituiria.

O mais natural seria promover o piloto reserva, o italiano David Valsecchi, certo? Sim, mas nem tudo é linear na Fórmula 1. Pensaram em chamar o japonês Kamui Kobayashi (saudade dele), ou o multicampeão Michael Schumacher, ou ainda o brasileiro Rubens Barrichello. Os candidatos a vaga do próprio Raikkonen na Lotus ano que vem, Nico Hülkenberg e Pastor Maldonado também foram cotados. Aí, correndo por fora apareceu o nome de outro finlandês, Heikki Kovalainen, atualmente piloto reserva da Caterham. E foi ele sentar no cockpit do carro número 7 para os treinos do GP americano. Ainda sem definição sobre 2014, a Lotus foi conservadora.

A soberana e seu staff

A soberana e seu staff

E na McLaren o clima esquentou bastante, e quem apimentou o negócio foi Sergio Pérez? Se o mexicano acha que pimenta no escapamento dos outros é refresco eu não sei, mas que o “Ligeirinho” jogou no ventilador um monte de perguntas sobre a seriedade e arrogância da equipe, isso jogou. Não caiu de bom tom, claro, especialmente neste ano festivo em que a equipe inglesa comemora 50 anos de atividades. Resultado: Pérez está fora da McLaren para o ano que vem. Em seu lugar, a McLaren tratou de anunciar rapidamente o nome do jovem Kevin Magnussen, dinamarquês de apenas 21 anos. No cartel, o vice-campeonato da Fórmula 3 inglesa em 2011 e o título de campeão na Fórmula Renault 3.5 deste ano. Dizem, é ultrarrápido e mais cabeça que o pai, Jan Magnussen, que correu com Rubens Barrichello pela equipe Stewart em 1997. A parte do “mais cabeça” eu explico depois.

Para os brasileiros, a ida de Felipe Massa para a Williams vem recheada de incertezas. Felipe Massa vai para a equipe do velho Frank, que tem uma relação muito próxima com a história do automobilismo nacional. Lá passaram Piquet, Senna, Barrichello, Pizzonia, Bruno Senna e Max Wilson (este último como piloto de testes), com sentimentos e recordações das mais diversas. Para Massa, uma sobrevida que pode lhe trazer ou o esquecimento do fundo do pelotão ou uma volta por cima das mais consagradoras, contando com o empurrão do propulsor Mercedes. Falamos sobre isso também em uma coluna mais adequada. Ao Felipe, que saiu reverenciado pelos tifosi em evento na pista de Fiorano, a melhor sorte nesta nova etapa.

Tá parecendo revista de novela. Se eu me esqueci de algo, vou lembrar mais no final.

Nos treinos livres, um festival de punições, estreia e homenagens. Lewis Hamilton, por exemplo, homenageou Michael Jackson no capacete que lembrou o de Schuamcher pelos detalhes em vermelho. Romain Grosjean homegeou Steve Mcqueen, ator americano fã de automobilismo, falecido em 1980, e que foi protagonista do filme “24 Horas de Le Mans” entre outros.

Companheiro de Massa ano que vem, Bottas marcou os primeiros pontos.

Companheiro de Massa ano que vem, Bottas marcou os primeiros pontos.

Contratado pela Toro Rosso, o russo Daniil Kvyat, campeão da GP3 em Abu Dahbi, já tratou logo de estrear pela equipe que vai defender ano que vem e não fez feio não. Com apenas 20 voltas registradas, 0.2s de diferença para o experiente Daniel Ricciardo em treino com as mesmas condições pode ser considerado um resultado muito positivo.

Ah, e teve as punições. A única por regulamento foi a de Charles Pic, da Caterham, 5 posições de penalty por trocar o câmbio, e ele foi largar na GP2. Button também havia sido punido por desrespeitar a bandeira vermelha no primeiro treino livre, tendo que ceder 3 posições de seu melhor resultado. E outros dois pilotos tomaram punição, e pelo mesmo motivo e piloto. Explico. Ambos, Esteban Gutiérrez e Max Chilton bloquearam Pastor Maldonado no Q1 e receberam como penalidade a perda de 10 posições no grid e de um drive through até a quinta volta, respectivamente. Nem precisa falar que Maldonado ficou lá atrás, junto com os carros da Marussia e Caterham, e disse que estava sendo sabotado pela equipe. Adrian Sutil também fez companhia aos degolados do Q1.

Maldonado, fora de combate, estava assistindo um verdadeiro show de seu companheiro Valtteri Bottas, que teimava em se manter entre os top 10, deixando alguns preocupados com a vaga na superpole. Jean Éric-Vérgne e Daniel Ricciardo ficaram no Q2, assim como Di Resta, da Force India. E o que dizer de Jenson Button? Bom, ele vinha bem nos treinos livres, mas não superou o demitido Sergio Pérez. Nico Rosberg também foi outro que decepcionou, ficou apenas com a décima terceira posição, mas foi melhor que Felipe Massa, que em nenhum momento se entendeu com o carro e viu seu companheiro Alonso, mesmo se queixando de dores de cabeça, passar para a última fase do treino. Não sei qual das dores de cabeça é a maior, de a Massa, a de Alonso ou a da Ferrari.

No Q3, Red Bull soberana de novo, com Webber tirando tudo que podia e Vettel sobrando para garantir mais uma pole. Grosjean colocou a Lotus na segunda fila, cinco posições a frente de Kovalainen, que foi até bem com o oitavo lugar. Ao lado de Grosjean, na segunda fila, o grande Hülkenberg, que teve até a companhia de seu companheiro Gutiérrez no Q3, só que o mexicano não passou da décima posição e, com a punição que já comentamos, foi para vigésimo no grid. Por falar em mexicano, Pérez foi o sétimo, logo atrás de Hamilton e Alonso, que ficaram lado a lado na terceira fila. E o surpreendente Bottas, nono com louvor.

Mais de 115 mil pessoas

Olha que Grosjean bem que tentou tirar a ponta de Vettel na largada, mas não deu. De bom, ele pode comemorar a ultrapassagem por Webber, que perdeu também a posição para Hamilton. Em resumo, o lado limpo da pista ajudou os que largaram nas posições ímpares. O legal da pista de Austin é a sequencia de curvas que se sucedem após a subida do retão dos boxes. Quase ninguém passa ali e a fila de carros na primeira volta lembra uma serpente pelo deserto texano. Bonito, né? Então, mas isso é corrida de carros, e nem tudo é bucólico assim.

Lá vão eles, pelo deserto afora.

Lá vão eles, pelo deserto afora.

Ao final da grande reta oposta, Adrian Sutil apareceu lambendo o guard rail e tendo o Force India bem danificado, o que provocou a entrada do safety-car logo no início, jogando um balde de água fria no calor de Dallas. Depois de viu que o acidente de Sutil se deu por um toque na disputa com Maldonado. Gutiérrez aproveitou e foi o primeiro a parar nos boxes e já colocar os pneus que poderiam o levar até o final da prova. Uma boa aposta naquele momento.

Nas cinco voltas em que o safety-car ficou na pista, deu para ver em detalhes a largada maluca de Felipe Massa, passando e sendo passado, passeando fora da pista, balançando, etc. Outras imagens que puderam ser vistas foram as da largada pelo ponto de vista do bico do carro de Valtteri Bottas. O recurso, que contava com uma câmera que girava 180 graus, é muito utilizado nas provas do automobilismo americano, e foi um verdadeiro show a parte. Se vale o veneno, ainda bem que não foi usada no bico do carro de Maldonado, avariado logo de cara.

Cinco voltas de expectativa e relargada!

Hülkenberg e Pérez protagonizaram uma excelente disputa logo que o safety-car saiu da frente, mas os dois que mais correram com pista livre foram Vettel e Grosjean. E olho no Gutiérrez, o quarto mais rápido da pista na volta número 12 e já com os pneus trocados.

Estava na hora de vermos uma ultrapassagem e a que foi mostrada foi digna. Webber já vinha chegando em Hamilton, que se queixava dos pneus. No final do retão, Hamilton tentou fechar a parte interna da curva, mas Webber nem se intimidou e foi por fora mesmo, na raça, bonita.

No meio do pelotão, Di Resta, Ricciardo, Rosberg e Kovalainen (que precisa treinar largada), brigavam pela nona posição, enquanto Massa segurava Button como dava um pouco mais atrás. Vettel? Só se preocupando em virar cada vez mais rápido.

Diferentemente das outras etapas, o pessoal de box não precisou trabalhar logo nas primeiras voltas. Foi com quase um terço de corrida que Kovalainen inaugurou os serviços de pit-stop. Depois dele vieram Button e Massa nas voltas seguintes. Enquanto Alonso encostava em Pérez, os outros dois carros de Ferrari e McLaren brigavam sem diferença de cronômetro quando Massa voltou milimetricamente a frente de Button. Boas disputas entre os vermelhos e os prateados, assim como boa era a recuperação de Rosberg, que depois de ter superado Ricciardo, também deixou Di Resta para trás.

Detalhe do capacete de Hamilton. Who is bad?

Detalhe do capacete de Hamilton. Who is bad?

Nesta altura da prova, somente os oito primeiros não haviam feito seus pit-stops – Vettel, Grosjean, Webber, Hamilton, Hülkenberg, Alonso, Pérez e Bottas.

O francês Jean Éric-Vèrgne, se gostava de comida mexicana, passou a detestar. Primeiro foi Gutiérrez quem apareceu fungando em sua caixa de câmbio e o ultrapassou. Ao olhar no retrovisor, outro mexicano, Pérez, que também queria lhe tomar a posição, oitava nesta altura da prova. Adíos guacamole, deve ter pensado o piloto da Toro Rosso.

As aulas do vice campeão

Os ponteiros começaram suas paradas. Pérez fez o dele, Hamilton depois, e quando foi a vez de Alonso, o bom trabalho da Ferrari o devolveu 2mm a frente do carro do mexicano da McLaren, dando trabalho para Alonso segurar a posição. Os demais a realizarem suas paradas foram Vettel, Hülkenberg e Webber, nesta ordem, sendo que o serviço da Red Bull foi o mais rápido do oeste.

Depois de ter se livrado do calor de Pérez, Alonso foi para cima de Gutiérrez e lhe deu uma aula de ultrapassagem. Entrou na reta dos boxes mais forte, abriu a asa, foi fechado por Gutiérrez mas abriu a curva e deu um “x” no mexicano da Sauber. Praticamente no mesmo momento foi a vez de Grosjean fazer sua parada e ainda conseguir se manter a frente de Webber.

No momento “lucha-libre” da prova, Pérez e Gutiérrez se encontraram e a vantagem foi para o piloto da McLaren. Rosberg, remando contra a corrente, tentava chegar na zona de pontos a qualquer custo, de onde Bottas não saía de jeito nenhum. Na ultrapassagem sobre Gutiérrez, Bottas demonstrou o quanto vale e tomou a posição do piloto da Sauber na sequencia de curvas (aquela da serpente), com garra e frieza.

Que imagem!

Que imagem!

Na briga para ver quem seria o melhor do resto, Webber encostou definitivamente em Grosjean, mas sentindo uma vibração estranha no carro, resolveu se distanciar um pouco da Lotus para verificar se o problema persistia. Nada de mais grave, a não ser o tempo perdido.

Gutiérrez não resistiu ao desgaste dos pneus e teve que parar mais uma vez, assim como aconteceu com Felipe Massa e Kovalainen. Ambos, aliás, se encontraram na pista brigando pela décima sexta posição logo depois de saírem dos boxes. Nada de muito importante, mas é bom Massa, que já foi companheiro de Raikkonen, voltar a se acostumar com um finlandês por perto.

Fernando Alonso, em melhores condições, se aproximou da Sauber de Hülkenberg e aplicou-lhe o mesmo golpe que já havia feito no companheiro de Hulk, ou seja, o “X” da montanha na freada da subida da reta dos boxes. A Sauber estuda contratá-lo como consultor de ultrapassagens. E Alonso ainda valorizaria mais seu próprio passe quando, nas últimas voltas, viu Hülkenberg tentar reaver a posição e até conseguir, mas a manobra fatal do “x” da questão, quer dizer, da montanha, apareceu de novo, e lhe garantiu a quinta posição neste domingo.

Webber ainda tentou algo para cima de Grosjean, mas os pneus traseiros já não deixavam. Pelo menos, não perdeu o lugar no pódio para Hamilton, que foi quem venceu no ano passado e desta vez nem no pódio chegou. Foi para trás como o moonwalk de Michael Jackson, seu homenageado. Pérez foi bem, ficou em sétimo, e justificou a carta de apresentação de Martin Witmarsh, seu atual chefe na McLaren, na tentativa de conseguir um cockpit na Force India para o ano que vem.

Valtteri Bottas, com uma Williams melhorada pela mudança em um difusor, obteve os primeiros quatro pontos na carreira, a frente de Rosberg e de Button, que fecharam na zona de pontos.

Sebastian Vettel triunfou pela oitava vez seguida, quebrou mais um recorde, e humilhou de novo a concorrência quando resolveu fazer a melhor volta da prova no penúltimo giro, depois de poupar equipamento e permitir a aproximação controlada de Grosjean e Webber. Onde chegará Vettel? Semana que vem, aqui no GP do Brasil, a gente vai ver se ele para ou continua com as vitórias.

E ele ainda se diz motivado. Coitados dos adversários.

E ele ainda se diz motivado. Coitados dos adversários.

Palpitando…

– O público americano compareceu em peso na segunda edição do GP dos Estados Unidos na pista de Austin. Os texanos e seus chapéus estão de parabéns;

– Fernando Alonso conquistou o vice campeonato e comemorou com uma dose extra de analgésicos;

– Paul Di Resta pode estar de malas prontas para a Fórmula Indy, substituindo o primo e tetracampeão Dario Franchitti, que anunciou a aposentadoria por recomendação médica depois do forte acidente da ultima etapa do campeonato deste ano na categoria americana. Pode ser o caminho para Nico Hülkenberg, até porque Adrian Sutil também não está confirmado;

– Se Sergio Pérez não fechar com a Force India, pode estar voltando para a Sauber, mas é só um palpite;

– A McLaren hasteou uma bandeira do México que tinha estampada uma folha de maconha. Uma gafe diplomática e curiosa. Quem teria sido o responsável?;

– Bem que a monotonia deste final de campeonato poderia ser quebrada com uma corrida maluca chove-não-molha típica de Interlagos. Tomara.

Lauro Vizentim

Lauro Vizentim é Engenheiro Mecânico, trabalha há mais de duas décadas na indústria de automóveis. Gosta de criação, design e de... carros. Quando estes três gostos se juntam em uma corrida, tudo se completa. Acompanha a Fórmula 1 desde criança e colabora com o No Trânsito desde 2009.

7 Responses

  1. lsussumu says:

    Nossa Perez ta perdido, ele é um bom piloto, but algumas coisas que ele fez não ajudaram ele a ficar na equipe.

    Essa semana vai acontecer o encontro do pessoal???

  2. Fábio Abade says:

    Não ví a corrida pela TV, mas mais uma vez, através do Genial Lauro Vizentim consegui “assistir” o GP dos EUA.

    Fodástico Laurão!! Congrats!

    Sussumu,

    que horas no Bar do Juarez na 6ª feira?? 16h?? hehehehe

    Vamo que Vamo!! ©™®

    • lsussumu says:

      Nunca fui nesse bar, ele fica aonde??? Quais dos endereços do site??? Vixe eu vou sair do trabalho ás 17:30

      • Fábio Abade says:

        Tem em 3 endereços:

        Av. Jurema, 324 – Moema

        Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 1164

        Rua Joaquim Nabuco, 325 – Brooklin Paulista

        Mais ou menos onde fica o seu trabalho??

        >>> Laurão, já garantiu o alvará?? rsrsrs

  3. Fábio Abade says:

    Tem o Atol Bar, que fica no meio do caminho pra todo mundo e é muito bom:

    http://www.atolbar.com.br/localizacao.html

  4. Acabei de postar o Resultado Parcial do Bolão do GP dos Estados Unidos e vou tratar lá do 1o. Encontro de Leitores e Apostadores do No Trânsito.
    Valeu!

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