Chico City


Rosberg garante o vice-campeonato com mais uma dobradinha da Mercedes liderada por ele. Vettel foi mais uma vez o melhor dos que não se vestem de prata, e Massa acabou desclassificado.

Button e Alonso, fun mode on

Se no México já tinha sido uma grande festa, mesmo com uma corrida que não foi das mais interessantes, o Grande Prêmio do Brasil era aguardado como a pista que todos gostam, com o público que todos gostam, e com a tranquilidade de um campeonato já definido. Componentes perfeitos para uma corrida que poderia trazer a Williams para mais próximo do pódio, quem sabe uma vitória da Ferrari, quem sabe boas brigas espalhadas pelo pelotão.

O que mais chamou a atenção no autódromo foram as obras de reforma, ainda inacabadas, mas que começam a resolver o problema de falta de espaço no paddock. E sempre ela poderia pintar, a chuva.

De repente, surge uma notícia na quinta-feira de que Hamilton não disputaria o GP do Brasil, rapidamente desmentida. Mas havia, porém, a confirmação de que o piloto inglês só chegaria mais tarde ao Brasil, na quinta-feira, por conta de uma febre alta. Mais um pouco e se creditou a ausência do piloto a um acidente de trânsito em Mônaco, onde mora, fruto de várias festas desde que se sagrou tricampeão mundial. O piloto vida-loka chegou em São Paulo com cara de quem precisava dormir, e sem dar muitas explicações.

E então, o que esperar de Hamilton no final de semana? Bom, piloto que é piloto tem que dar a resposta na pista, e assim, lá foi ele para colocar meio segundo de vantagem sobre Nico Rosberg logo no primeiro treino livre, dando a entender que a pole de número 50 e uma vitória no Brasil eram coisas fáceis.

Rosberg não entendeu assim, e não só devolveu a mesma diferença para Hamilton no segundo treino livre, como também ficou muito próximo do inglês no terceiro treino livre. E, na alternância de resultados, acabou levando a melhor no treino oficial, pela quinta vez seguida.

O que dizer dos demais? Nada de novo, ora. Era de se esperar que os carros da Williams tivessem um melhor rendimento, mas desde que a pista foi liberada para as atividades, os carros brancos ficaram muito aquém do desejado. Se Bottas foi um pouco melhor, os resultados de Felipe Massa foram decepcionantes. O finlandês ficaria na segunda fila, com o quarto tempo, entre Vettel e Raikkonen, mas uma punição por ultrapassar sob bandeira vermelha em um dos treinos livres lhe colocou na sétima posição.

Os pilotos da McLaren assumiram a máxima "aceita que dói menos".

Os pilotos da McLaren assumiram a máxima “aceita que dói menos”.

Quem ganhou com a punição de Bottas foram Raikkonen, como eu citei, Nico Hülkenberg e Daniil Kvyat. Assim, os dois carros da Williams ficaram juntos na quarta fila. Daniel Ricciardo foi o nono, mas foi mais um penalizado em 20 posições por troca de motor, promovendo Verstappen e Felipe Nasr para os dez primeiros lugares. Mas Nasr também acabou perdendo 3 posições por ter atrapalhado o xará Massa na classificação.

Carlos Sainz, Pérez e Ericsson, Grosjean e Maldonado formaram o segundo pelotão de largada, com Nasr se ajeitando entre eles. No fundo ficaram Button e os dois Manor. Mais em último ainda, Fernando Alonso, que salvou o treino com seu banho de sol no Q1. Aliás, ambos os pilotos da McLaren subiram ao primeiro lugar do pódio para dar um pouco de humor ao evento.

Toma café na curva que o sono passa

Assim como no México, um público de dar inveja a qualquer alemão (vamos aproveitar que eles não tiveram GP este ano). Foram 136 mil pessoas torcendo para uma corrida empolgante acontecer, mas a esperança de uma disputa ficou logo na largada.

Vettel, o terceiro, de novo.

Vettel, o terceiro, de novo.

Rosberg pulou na frente, seguido de Hamilton e dos carros da Ferrari. Bottas foi o único que tentou colocar um pouco de graça na corrida, pulando para a quinta posição, e por lá ficou por um bom tempo. Fernando Alonso também largou bem, mas pular de último para décimo quinto não tem tanta dificuldade assim com os carros que enfrentou, apesar da vida não estar nada fácil para a equipe há tempos.

Carlos Sainz Jr? Então, ele foi o primeiro a abandonar, depois de um problema na volta de instalação antes da largada, o que já o tinha feito largar dos boxes. Não deu nem meia volta. E, por falar em box, Ricciardo resolveu parar primeiro, já na quarta volta, tentando uma estratégia diferente.

Com dez voltas, Hülkenberg foi o primeiro dos melhores colocados a fazer a sua parada de box, o que forçou a Williams a chamar Felipe Massa imediatamente. Junto com Massa, também entraram Kvyat, Pérez e Grosjean. Este último, muito sentido com os ataques terroristas em seu país, mais especialmente pela família, estava indo para cima dos adversários e apresentava um bom ritmo de corrida.

Até a volta quinze, praticamente todos já tinham parado, onde Hülkenberg tinha conseguido ganhar a posição de Kvyat e Nasr chegou a aparecer na quarta posição, claro, porque ainda não tinha feito a sua parada. Quando o fez, voltou fora da zona de pontos. Maldonado demorou mais, só foi fazê-lo na volta 25.

Uma diferença sentida foi a volta de Hamilton mais próximo de Rosberg. Foram algumas voltas onde pode-se imaginar que haveria uma disputa entre ambos. Só que não aconteceu a briga, embora Hamilton tenha andado algumas voltas a menos de um segundo de vantagem. Parece até que Rosberg se acostumou com Hamilton em sua traseira e não erra mais como aconteceu em algumas provas.

Massa fez uma corrida muito abaixo da expectativa, e ainda acabou desclassificado.

Massa fez uma corrida muito abaixo da expectativa, e ainda acabou desclassificado.

Uma ou outra ultrapassagem aqui e acolá, com destaque para as que eram feitas por Verstappen.

Acordem que vai acabar

Maldonado, sempre ele, achou por bem fazer chacotas com Ericsson, e cutucou o carro do sueco no S do Senna, mas ambos continuaram na prova, apesar do venezuelano ter sido punido em cinco segundos.

Neste momento da corrida, um comunicado oficial da FIA revelava que Felipe Massa teve um de seus pneus traseiros com pressão e temperatura acima do especificado pela fabricante, e já começavam as especulações sobre uma eventual punição, até uma desclassificação.

Verstappen salvou a corrida no quesito ultrapassagens.

Verstappen salvou a corrida no quesito ultrapassagens.

Em uma última tentativa de surpreender a Mercedes (só se fosse pegadinha mesmo), a Ferrari antecipa as paradas de seus pilotos. No entanto, a equipe alemã fez o mesmo para garantir a vitória já praticamente certa a esta altura. Poderia ainda haver inversão de posições? Bem, pelo menos Hamilton voltou, mais uma vez, próximo de Rosberg.
Parecia que Hamilton iria conseguir, chegava mais perto, mas o momento crucial foi quando ambos chegaram em Vertappen. Neste momento, Rosberg passou e Hamilton demorou um pouco mais, sacramentando a vitória certa de Rosberg.

Nasr tentava segurar todo mundo, mas o baixo rendimento do carro com o último jogo de pneus foi determinante para deixar o piloto fora da zona de pontos. A ultrapassagem de Verstappen sobre ele, mais uma vez, foi digna de nota. Depois, o moleque travesso ainda iria ultrapassar por Maldonado, em mais uma manobra bonita e sempre cheia de suspense sobre o piloto da Lotus.

Rosberg cruzou a linha de chegada em primeiro, a mais de sete segundos para Hamilton. Vettel, que em determinado momento da prova chegou a perguntar “onde eles estão?”, se referindo aos carros prateados, cruzou em terceiro, com Raikkonen em quarto. Até o piloto finlandês achou a corrida sem graça, e olha que ele é um dos que mais gostam de Interlagos.

Em quinto lugar, com o mesmo motor Mercedes só que com uma volta a menos que Rosberg, cruzou Valtteri Bottas, seguido de Hïlkenberg, Kvyat e Massa. Porém, após o encerramento da prova, Massa acabaria desclassificado por aquele problema no pneu traseiro. Com isso, Grosjean acabou herdando o oitavo lugar do brasileiro e Vertappen foi o nono. Quem saiu com um ponto inesperado foi Pastor Maldonado, mesmo com cinco segundos a mais pelo incidente com Ericsson.

Primeira vez que Nasr correu de Fórmula 1 em Interlagos.

Primeira vez que Nasr correu de Fórmula 1 em Interlagos.

Tenho a impressão que se o campeonato tivesse na metade, Rosberg teria muito mais chances em uma disputa com Hamilton. Só não sei se Hamilton relaxou um pouco ou se Rosberg realmente descobriu, ainda que tardiamente, uma maneira de segurar o inglês, e sem errar.

Ao desligar dos motores…

– Rosberg conseguiu garantir o você campeonato. Normal para ele, bom para a equipe;

– A Red Bull deve correr em 2016 com algum motor, com algum nome, com alguma potência, mas com pouca esperança de resultados melhores;

– Durante a semana que antecedeu ao GP, Massa deu várias entrevistas, claro. Em uma delas, disse que o problema da Williams na troca de pneus não era falta de treinamento. Ou seja, não era um problema humano. A culpa seria da porca, que tem dificuldade para sair quando aquecida. Não explicou porque trocaram os pneus do Bottas na Bélgica, embora foi lá que a porca torceu o rabo de vez;

– Os pilotos reclamaram da pista, do asfalto, das obras inacabadas, mas reconheceram que as coisas ficarão melhores nos próximos anos;

– Interlagos merecia uma corrida melhor. A emissora que transmite o GP em rede aberta não conseguiu a liderança de audiência, mas o público mostrou que, mesmo sem um piloto local em condições equivalentes de brigar por vitória com os outros, esteve lá presente;

– O título da coluna é em homenagem a Chico Rosa, administrador do autódromo paulista há anos e a quem o Brasil deve muito em termos de automobilismo. A Prefeitura de São Paulo o demitiu há menos de um mês, sem explicação convincente. E esse título concorreu, por sugestão inicial minha, com outras centenas de sugestões, para ser tema da cobertura do GP do Brasil deste ano no site Grande Prêmio. Ficou em segundo lugar lá, mas acho a homenagem justa ainda, portanto, ai está.

Foto de um amigo, Aaron Carmona, que estava onde eu também queria estar.

Foto de um amigo, Aaron Carmona, que estava onde eu também queria estar.

Lauro Vizentim

Lauro Vizentim é Engenheiro Mecânico, trabalha há mais de duas décadas na indústria de automóveis. Gosta de criação, design e de... carros. Quando estes três gostos se juntam em uma corrida, tudo se completa. Acompanha a Fórmula 1 desde criança e colabora com o No Trânsito desde 2009.

2 Responses

  1. Lauro, devo confessar que assisto pouco a F1, não tenho muita paciência. Vai ver por isso também odeio futebol!

    Mas no domingo, ao acordar, ligar a TV e ver aquela atmosfera, aquele clima de competição “no quintal de casa”, afinal moro a 1h de São Paulo Capital, bateu aquela vontade de estar nas arquibancadas e ver de perto o espetáculo! Uma pena ser muito caro, mas estive pensando em planejar no ano que vem assisir, pois teremos em datas próximas Salão Internacional do Automóvel, Bubble Gun Treffen e a F1!

    Aquele abraço!

  2. Pois é Fernando, a vontade ver o espetáculo, de fazer parte dele, para mim é sempre igual todas as vezes que chega esta época do ano. Desta vez, morando “um pouco mais longe”, não deu nem para pensar, mas assistir, pelo menos, é sagrado.
    Não sei se estou certo, mas me parece que você ainda não teve oportunidade.de ir lá. Uma maneira de de “baratear” a entrada é comprar um ingresso para os três dias e dividir com alguém que queira ir apenas nos treinos, ou um deles, e na corrida. É difícil tirar o ingresso de quem for no primeiro treino livre, ahahaha, mas dá pra tentar.
    Um abraço Fernando, tudo de bom!

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