100 adversários


Rosberg passeia no parque olímpico de Sochi, bate recorde, e por mais que Hamilton se esforce, apenas conseguiu completar a dobradinha da Mercedes. E Vettel está enfurecido.

Começam as teorias

A Fórmula 1 continua seus estudos para melhorar a proteção de cabeça de seus pilotos, uma enorme discussão que ainda vai render bastante debate. No GP da Rússia, durante os treinos livres, foi a vez da Red Bull apresentar uma nova opção, mais tradicional e estética do que o Halo que a Ferrari apresentou no começo da temporada. Agora foi a vez do Aeroscreen.

Opiniões? Das mais diversas. Hamilton, por exemplo, achou que se parece com escudo da polícia. Mas a opinião da maioria foi bem mais acolhedora do que com o Halo. Ricciardo, o condutor do carro adaptado, disse que ainda é preciso vários testes, várias análises não apenas de resistência, mas de visibilidade principalmente, como uma junção chuva+noite, por exemplo. Na minha opinião, acho que o caminho está certo.

Teria Hamilton desaprendido a fazer poles? Nos treinos livres ele mostrou que não. O placar foi 2×1 em Rosberg, ambos com imensa vantagem para os demais carros. Sim, a Ferrari ainda não é páreo em treino, e na corrida acaba sendo obrigada a tentar a ponta na primeira curva, o que nem sempre ajuda como aconteceu na China.

E no treino decisivo até parecia que Hamilton iria voltar para a pole. Só que o treino acabou tendo apenas duas etapas para ele. Não, Hamilton não foi desclassificado do Q3 pelo cronômetro, mas sim, pelo motor do Mercedes que voltou a falhar e o deixou fora da disputa, abrindo caminho fácil para Rosberg fazer mais uma pole, sem graça até.
Com Hamilton largando apenas na décima posição, Rosberg já teria motivos para comemorar. Acontece que Vettel, que tinha ficado com o segundo tempo, vai perder 5 posições e largar em sétimo por conta da troca de câmbio de seu carro.

A primeira fila então será dividida por Rosberg com Valtteri Bottas. Muito bem no Q3, o finlandês se mostrou otimista em relação a corrida, embora tenha ficado há mais de um segundo de Rosberg. Em “português formulaúnico”, anos luz atrás do carro prateado. Em terceiro, o outro finlandês, Kimi Raikkonen. E o desempenho da Williams no circuito russo é mesmo bom, tanto que a segunda fila é fechada com Felipe Massa.

Apresentando, aeroscreen.

Apresentando, aeroscreen.

Já sem o Airscreen, Ricciardo conseguiu o sexto tempo, mas larga em quinto, com Sérgio Pérez entre ele e o dono da casa, Daniil Kvyat, só que o russo ainda vai largar atrás de Vettel, punido como dissemos. Max Verstappen, além de Hamilton, também conseguiu um lugar entre os dez primeiros.

No Q2, haviam sido eliminados Sainz Jr, o décimo primeiro, e as duplas da McLaren e Haas. Além deles, Nico Hülkenberg era o outro piloto sem par no meio do pelotão. Por falar em Haas, Grosjean e Gutiérrez foram mal, décimo quinto e décimo sexto respectivamente, com uma diferença de seis centésimos entre eles.

Quem continua decepcionando, mas é a ordem das equipes atualmente, é a Renault. Os dois carros em décimo sétimo e décimo oitavo dão poucas esperanças para a equipe, sequer, chegar aos pontos. Atrás deles, Felipe Nasr, que era só elogio ao novo chassi da Sauber que o colocou bem à frente de seu companheiro Ericsson. O sueco, inclusive, terá a honra de largar na última posição, atrás até mesmo dos carros da Manor. Agora, Ericson vai ter que provar que é mesmo melhor que Nasr, nem precisou trocar de carro como sugeriu o sueco.

Vettel entra com pedido de impeachment contra Kvyat

Corrida passada, vocês se lembram, quase que o Kvyat acertou Vettel na largada. Desta vez, aos olhos de Putin, o menino passou dos limites. Todo mundo sabe que a freada da primeira curva, em 90 graus e estreita, depois de um trecho longo de aceleração, só existe porque alguém gosta de ver confusão. Não deu outra, de novo.

Kvyat está cutucando Vettel com vara curta.

Kvyat está cutucando Vettel com vara curta.

Sem contar um sem número de pilotos passando reto, teve os tradicionais toques. E como eu disse antes, Kvyat foi o protagonista do caos, ao melhor estilo “maluco da primeira volta” que Romain Grosjean detinha algumas temporadas atrás. O russo acertou a traseira de Vettel, que se chocou com Ricciardo lateralmente, mas os três seguiram até que, pouco mais a frente, na “Parabólica de rua”, Kvyat acertou Vetter em cheio na traseira, fazendo o alemão rodar e se chocar contra o muro, abandonando imediatamente a corrida, mas não sem antes proferir impropérios dos mais diversos pelo rádio. Safety-car.

Na confusão toda sobrou para os dois carros da Force India, com o abandono prematuro de Nico Hülkenberg e um pneu totalmente furado de Sergio Pérez, mas o mexicano voltou para a prova. Rio Haryanto acabou abandonando também, e os boxes receberam a visita de Esteban Gutiérrez, e da dupla da Red Bull, Kvyat e Ricciardo.

Rosberg passou ileso, seguido de Raikkonen e Bottas. Massa era o quarto e Hamilton apareceu bem já na quinta posição, diminuindo o prejuízo de largar em décimo pela metade logo de cara.

Na relargada, Bottas deixou Raikkonen para trás, assim como Hamilton tratou de não perder tempo sobre Massa e também ganhou a posição do brasileiro, e esse trio com os pilotos da Williams, Ferrari e Mercedes andaria junto por um bom tempo enquanto Rosberg postava fotos no Instagran.

Alonso em sexto, Button em décimo. Há e não há o que comemorar.

Alonso em sexto, Button em décimo. Há e não há o que comemorar.

Fernando Alonso aparecia em sétimo lugar, atrás de Verstappen, e os dois carros da Renault figuravam em nono e décimo, muito melhor do que se poderia imaginar. Os carros da Red Bull, claro, ficaram lá atrás, e Kvyat ainda levou um stop and go de 10 segundos. Saiu barato. No whatsapp, teve gente que pediu cadeia pra ele.

Hamilton então ameaça uma reação e ultrapassa Raikkonen. Nem se daria ao trabalho de ultrapassar Bottas, pensou, porque o finlandês da Williams foi para os boxes antes de uma briga na pista. No entanto, no retorno de ambos de suas respectivas paradas, Bottas ainda estava na frente. Não tarda muito, porém, e Hamilton supera Bottas de maneira tranquila. O inglês estava andando mais e fazia a melhor volta da prova.

Rosberg então faz a sua parada, tomou um café, mandou um beijo para Nikita, e voltou sossegado na frente.
Embora distante mais de dez segundos de Rosberg, Hamilton parecia que queria algo mais além de um segundo lugar, virtual naquele momento em que muitos ainda não haviam feito suas paradas, mas real quando todos o fizessem. Efetivamente, Verstappen era o segundo.

Sete

Apesar da boa corrida, Vestappen acabou abandonando a prova por problema de motor mais tarde.

Uma briga aqui e ali, mas a corrida caiu muito em interesse na segunda metade. Sem muitas paradas de box, haviam dois interesses claros: um deles era ver se Hamilton alcançaria Rosberg e brigaria pela vitória. O outro, era ver o que daria da briga Magnussen, Grosjean, Ricciardo e Sainz Jr. Button e Pérez ainda tentavam se recuperar e chegar entre os dez primeiros.

Magnussen marcou os primeiros pontos da Renault.

Magnussen marcou os primeiros pontos da Renault.

De repente, a diferença entre Hamilton e Rosberg cai de 12.5 segundos para pouco mais de 8 segundos. Parecia que a sétima vitória de Rosberg estava incerta, mas logo se viu que o motivo era tráfego pesado que o alemão pegou. Para assegurar ainda mais a vitória tranquila, Hamilton recebeu um alerta pelo rádio de que tinha problemas de pressão de água.

Na briga pelos pontos, Alonso aparecia em sexto e Magnussen em sétimo, sem receber muita ameaça. Grosjean segurou bem o oitavo lugar, mas nem Ricciardo e nem Sainz Jr marcaram pontos. Isso porque Pérez e Button conseguiram superá-los, terminando em nono e décimo respectivamente.

Faltando poucas voltas para o final, Felipe Massa entra nos boxes e coloca pneus supermacios. A diferença era tão grande para Alonso que o brasileiro voltou ainda na quinta posição. Era de se esperar, no entanto, que de penus novos e supermacios, o brasileiro fizesse a melhor volta da prova, mas essa ficou com Rosberg, que comemorou em grande estilo a sétima vitória seguida com um hat-trick.

Ao desligar dos motores…

– Hamilton começa a achar que as coisas ruins só acontecem com eles e questiona a troca de mecânicos entre seu time e o de Rosberg, sem seu consentimento. No mínimo, muito especulativo;

– Os dois carros da McLaren chegaram nos pontos, legal. Alonso em sexto, Button em décimo, mas ambos uma volta atrás de Rosberg. Não é assim que a McLaren deve comemorar;

– Magnussen, primeiros pontos da Renault no ano. Ele é bom, mas o carro está amarelando muito ainda;
– Kvyat, o russo, está sendo muito afoito. Hoje foi feio, parecia um amador tamanha a barbeiragem que fez sobre Vettel. A Red Bull não está muito satisfeita não;

– Vettel, durante a prova, foi ao pit-wall da Red Bull conversar com o ex-chefe Christian Horner sobre o comportamento do russo. O alemão tem sangue nas veias, todo mundo sabe;

– Rosberg entra para a história com a sétima vitória seguida. Igual a ele, só Alberto Ascari (na década de 50) e Michael Schumacher. Mais que eles, só Vettel. Detalhe: só Rosberg não é campeão. Ainda.

Self.

Self.

Lauro Vizentim

Lauro Vizentim é Engenheiro Mecânico, trabalha há mais de duas décadas na indústria de automóveis. Gosta de criação, design e de... carros. Quando estes três gostos se juntam em uma corrida, tudo se completa. Acompanha a Fórmula 1 desde criança e colabora com o No Trânsito desde 2009.

2 Responses

  1. Fábio Abade says:

    Laurão, nem seu ótimo texto (como sempre) conseguiu mudar meu modo de ver esse GP Tedioso !! ¬¬

    Vamo que Vamo que Espanha eeee Monaco tão chegando !!

    Abraços!!

  2. Obrigado Fabio. Mas, também achei que a corrida não foi grande coisa, apenas o começo. A ascensão de Hamilton era esperada, mas não teve grandes brigas, e a ausência de Vettel, Ricciardo, Hülkenberg e Pérez, além do próprio Kvyat, mais a frente, prejudicou o espetáculo. Na Espanha a tendência é a mesma. Em Mônaco… tomara que chova (na ausência do Maldonado). Vou redobrar a atenção para não assistir a um jogo de xadrez e narrar como se fosse video casseta (ô loco meu). Abraço.

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