Definição de reta


Rosberg vence na Itália e diminui para dois pontos a diferença para Hamilton. Sebastian Vettel foi o terceiro colocado, mas a corrida não empolgou como se esperava.

A fila anda

As atitudes de Max Verstappen em Spa foram o assunto do início da semana. Gente defendendo, gente preocupada, gente inconformada. Teve até bate boca pela imprensa com a crítica do ex-campeão Jacques Villeneuve, que acusou o holandês de conduta irresponsável e ouviu do mesmo que ele, Jacques, já havia causado uma morte na pista, referindo-se a um fiscal australiano atingido por um pneu de seu carro em acidente com Ralf Schumacher.

Monza é sempre uma etapa marcada por anúncios importantes. Foi lá, há dez anos, que Michael Schumacher anunciou sua aposentadoria, mas que não seria a definitiva. Este ano foi a vez de Felipe Massa anunciar que termina sua carreira na Fórmula 1 no Grande Prêmio de Abu Dahbi, em novembro. A carreira de Felipe Massa é assunto para outro post, e ele merece o reconhecimento por ter sido um grande piloto e o brasileiro que chegou mais perto de um título mundial depois da era Senna.

O anúncio de Massa ocorreu na quinta-feira, antes do início das atividades de pista. E, no sábado, já no meio dos treinos livres, mais um anúncio “semi esperado” mas que ainda assim causou surpresa pela forma como foi colocado. Jenson Button anunciou um 2017 sabático para ele, o que na prática não significa a sua aposentadoria da Fórmula 1. Ele manterá contrato com a McLaren como terceiro piloto e pode sim voltar a correr em 2018 caso Fernando Alonso se aposente. Enquanto na Williams a vaga de Massa permanece aberta, a de Button na McLaren já tem o seu substituto. É o belga Stoffel Vandoorne, o atual terceiro piloto da equipe, que fez boa estréia este ano no GP do Bahrein substituindo Fernando Alonso naquela oportunidade.

Rosberg foi embora e Hamilton jogou a pole fora. E decidiu a corrida.

Rosberg foi embora e Hamilton jogou a pole fora. E decidiu a corrida.

Na pista…

Bom, Monza é o circuito mais rápido da temporada, e não era surpresa alguma que, sem nenhuma punição, os carros da equipe Mercedes ficassem com a primeira fila. Isso ocorreu, e a superioridade de Hamilton em relação a Rosberg foi de meio segundo. Em Monza, uma eternidade.

A segunda fila, para alegria dos tiffosi, tinha Vettel e Raikkonen. Era esperado e era o que a Ferrari poderia almejar em casa.

Se alguma surpresa poderia acontecer nas três primeiras filas, essa ficou para a quinta colocação de Valtteri Bottas, que segundo suas entrevistas pós treino, disse que fez a volta perfeita (para a Williams, claro). E foi realmente uma volta boa, visto que o companheiro de Bottas, Felipe Massa, se quer foi para o Q3, apesar do brasileiro ter colocado a culpa no tráfego.

Atrás de Bottas vieram Ricciardo e Verstappen, da Red Bull, e Sérgio Pérez e Nico Hülkenberg da Force India. Na prática, as quatro melhores equipes do Mundial até aqui. Só não foram as cinco porque Esteban Gutiérrez colocou a Haas em décimo depois de ter feito o sétimo tempo no Q2. Vale lembrar que o motor dos americanos é da Ferrari.
Como eu disse, Massa foi apenas o décimo primeiro e, entre os dois carros da McLaren logo atrás dele estava o queridinho da Mercedes Pascal Wehrlein. Na verdade, o décimo segundo lugar que foi herdado por Alonso seria de Romain Grosjean, mas este foi punido em 5 posições e acabou atrás dos carros da McLaren, da Manor de Wehrlein, e dos dois carros da Toro Rosso. Lá atrás, os de sempre. Ah, Kevin Magnussen se classificou normalmente apesar do forte acidente em Spa. Tão normal que foi o penúltimo do grid.


Larga o celular, menino!

A vida de Hamilton anda tão tranquila que ele deveria estar fazendo uma selfie na hora que as luzes vermelhas se apagaram. O resultado foi a queda da pole para a sexta posição ainda antes da freada da chicane. E olha que todo mundo passou ileso da apertada e sempre difícil chicane de Monza, ou Variante del Rettifilo, como queiram.

Bom, isso na primeira volta. Na segunda volta, Felipe Nasr se enroscou bonito com Jolyon Palmer e, apesar de ambos continuarem na pista por mais algumas voltas, houve abandono de ambos. Curiosamente, depois de abandonar, Nasr acabou punido em 10 segundos na soma de seu tempo e, para resolver o problema ainda na Itália, voltou para a pista, deu mais uma volta e cumpriu a pena. Uma beleza de regulamento.

É duro largar atrás, sempre.

É duro largar atrás, sempre.

Gutiérrez e Verstappen também largaram mal e tiveram que se recuperar na prova, o que Hamilton já fazia lá na frente. Após passar por Ricciardo, Hamilton foi pra cima de Bottas e também levou o quarto lugar, ficando a mais de onze segundos de diferença de Rosberg naquele momento, e tento ainda os dois carros da Ferrari entre eles.

Isso se resolveu com as primeiras paradas para troca de pneus. No entanto, os pneus macios dos carros da Mercedes, já desgastados, começaram a render menos que os super macios dos carros vermelhos. No entanto, a equipe de Maranello estava indo para duas paradas no mínimo, enquanto os prateados alemães se mantinham na pista e iam para apenas uma parada. Isso foi feito nas voltas 25, com Rosberg, e 26, com Hamilton.

No retorno, Rosberg manteve a liderança, enquanto Hamilton era o quarto colocado, mas tranquilo por saber que da segunda parada dos carros da Ferrari. E tudo acontecia sem nenhum desvio de roteiro para uma corrida que prometia brigas e ultrapassagens.

Rápido e indolor para Rosberg

Uma pena foi o abandono de Wehrlein, ainda no meio da prova. Talvez não lhe rendesse ponto algum, mas andar em Monza na décima terceira posição, com um carro como o da Manor, é algo digno de elogios.

Alonso deu gargalhada quando disseram que ele podia brigar pelo 11o lugar. Ao menos fez a melhor volta.

Alonso deu gargalhada quando disseram que ele podia brigar pelo 11o lugar. Ao menos fez a melhor volta.

No final da prova, Verstappen, sem nenhuma polêmica desta vez, passou por Sérgio Pérez e ficou com a sétima posição. Atrás deles, Massa e Hülkenberg em nono e décimo lugares.

Vitória fácil de Rosberg, facilitada pela péssima largada de Hamilton, mas uma conquista de ponta a ponta em um circuito dos mais tradicionais da categoria. Vettel foi ao pódio, para alegria da torcida ferrarista, que também reconheceu o bom trabalho de Raikkonen, por muito tempo o mais veloz da pista marcando as melhores voltas. No entanto, acreditem, a melhor volta da prova foi de Fernando Alonso.

Em corrida que poucos ganharam posição em relação a largada, Ricciardo foi um deles, ficando em quinto a frente de Bottas. A ultrapassagem do australiano, deixando pra frear depois que o mundo já tinha acabado, mostrou não apenas talento mas a coragem de quem conduz um carro a 350km/h e tem uma fração de segundo para decidir o que fazer. Linda manobra de Ricciardo, mais uma vez.

Agora, para o último terço do campeonato, é como se o jogo estivesse praticamente zero a zero entre os pilotos da Mercedes, com uma bola na trave a favor de Hamilton. Apesar dos dois pontos de diferença, Rosberg tem mais vitórias do que seu companheiro. Com a entrada de circuitos menos velozes, é bem capaz que as outras equipes embolem esta disputa.

Vettel foi terceiro, o que pode ser considerado uma vitória.

Vettel foi terceiro, o que pode ser considerado uma vitória.

Ao desligar dos motores…

– Será que teremos um ano sem brasileiro algum no grid, em 2017? A chance existe, mas é provável que Felipe Nasr se acerte com a Williams ou com a Renault;

– A Williams voltou a quarta posição do Mundial de Construtores, enquanto os dez primeiros do Mundial de Pilotos mantiveram-se em suas posições;

– Massa parando, Button também, Alonso e Raikkonen em vias de. Com a entrada de pilotos cada vez mais jovens, é possível que tenhamos um grid bem inexperiente justamente em um ano em que muitas regras mudarão. Acho bom assim;

– Como Wehrlein é piloto Mercedes e a equipe principal não terá mudanças para 2017, pode ser que ele concorra a vaga de Massa na Williams, ou mesmo na vaga de Pérez na Force India, caso este último se mude para a Renault. Se tem alguém que merece um bom cockpit é este cara, e logo;

Lauro Vizentim

Lauro Vizentim é Engenheiro Mecânico, trabalha há mais de duas décadas na indústria de automóveis. Gosta de criação, design e de... carros. Quando estes três gostos se juntam em uma corrida, tudo se completa. Acompanha a Fórmula 1 desde criança e colabora com o No Trânsito desde 2009.

3 Responses

  1. Glauco de F. Pereira says:

    Hamiltom, Hamilton, será que sua “cabeçinha” as vezes avoada irá me fazer engolir as palavras de que o campeonato estava já decidido há algumas etapas atrás????

    Como disse um locutor tempos atrás, “…hoje não, hoje não, HOJE SIM!”.

    Quanto a prova em si, bem sem graça, sendo objetivo. Ultimamente, duas coisas se salvam nas transmissões: os rádios on board de Raikkonen, sempre rabugento, e Alonso, com sua verve cínica e mal humorada e sem educação, cada vez mais afiada.

    Alonso anda lembrando aquele personagem antigo da Zorra Total, o intolerante Saraiva, interpretado pelo Francisco Milani, que não tolerava de forma algumas perguntas e intervenções inconvenientes.

    Acredito eu que na McLaren deve acontecer um sorteio pré-corrida, e o perdedor é o responsável pelo contato com pilotos via rádio durante a corrida, pois, pra ser espinafrado via rádio para todo o mundo ouvir carece de um acompanhamento psicológico durante um bom tempo após…

    Parece que a paciência dele esta perto do fim. Enfim, esperemos a próxima etapa para vermos se Rosberg dirá a que veio, ou se ficara perto de um campeonato meio improvável há até algumas etapas atrás.

    Será que passará para a estória com um campeão porque o vice, de certa forma, “deixou”?

  2. Glauco de F. Pereira says:

    Eu é que creditarei seu comentário e/ou elogio a sua generosidade! Somente isto para explicar, rs.

    Na verdade, Lauro, apenas tento observar a F1 de um ponto de vista, digamos, particular. O mundo anda meio chato e cheio de mimimi, e com a existência de caras rabugentos, mal humorados e às vezes, ácidos, como Alonso, Raikkonen e suas tiradas espetaculares, me fazer rir um bocado.

    Talvez, modéstia as favas, seja uma espécie de espelho (não, nunca na pilotagem, conta bancária e outras mais, antes que me acusem de imodéstia).

    Vá saber, rsrsrs

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