Ford GT

Nos anos 60 nascia o Ford GT40, um modelo cuja história é uma das mais conhecidas no mundo automotivo. Um carro de competição criado do zero “da noite para o dia” após um desentendimento entre Henry Ford II e Enzo Ferrari na negociação de compra da marca italiana pela Ford, que culminou em uma das maiores revanches de todos os tempos, pois apesar de vender a Ferrari, Enzo pretendia continuar nas pistas disputando com a Ford.

Negócio desfeito, a ira de Henry Ford II fez com que criasse o GT40, o carro que iria desbancar a Ferrari nas pistas, e assim o fez por quatro anos consecutivos nas 24 horas de Le Mans, quebrando o domínio de seis anos da Ferrari até então.

Ford GT40 Mk1 de 1964. Foto: Autor desconhecido / Google Imagens

Eis que quarenta anos depois a Ford reinventou uma de suas maiores criações. Em 2004 era apresentado ao público o Ford GT, um carro de rua que, diferentemente do Ford GT40, só viria a competir com a Ferrari por um grau de participação no mercado de supercarros.

Equipado com um motor 5.4 V8 Supercharged de 550 cv de potência, câmbio manual e aceleração de 0-100 km/h em 3.9 segundos, a primeira geração do Ford GT tornou-se um colecionável. Com apenas 4 mil unidades fabricadas, é um modelo disputado no mercado de luxo, custando atualmente muito mais do que os 140 mil dólares sugeridos na época.

Ford GT da primeira geração em São Paulo. Foto: Guilherme Nascimento / No Trânsito

Apresentado em janeiro de 2015 no Salão de Detroit, a segunda geração do Ford GT é um carro bem diferente da primeira geração. Apenas 1000 carros serão fabricados a um preço bem superior em relação ao que era cobrado pela primeira geração. Agora é preciso quase meio milhão de dólares para ter o novo Ford GT na garagem.

Em um primeiro momento muitos irão estranhar a ausência do motor V8 nesta geração. O novo Ford GT conta com um 3.5 V6 Ecoboost Biturbo capaz de gerar mais de 600 cv de potência, mas não se deixe levar pela quantidade de cilindros. Sendo um flagship car (carro de maior prestígio de uma marca), o modelo conta com o que há de mais moderno em tecnologia e desempenho já criado, fazendo com que o fato de possuir um V6 não interfira na qualidade de um dos carros com a melhor relação peso-potência que já existiram, graças a combinação da carroceria em fibra de carbono, materiais leves e a já comentada potência superior a 600 cv aliada a um câmbio automático de dupla embreagem de 7 velocidades.

Ford GT de segunda geração exposto no Salão do Automóvel de Sâo Paulo em 2016. Foto: Fernando Marques / No Trânsito

As tecnologias presentes no Ford GT incluem uma unidade de controle eletrônica (ECU) que processa mais de 3 mil sinais através de 50 sensores, estes os quais possuem 28 microprocessadores rodando mais de 10 milhões de linhas de código (um caça F22 roda apenas 2 milhões de linhas e um Boeing 787 apenas 6 milhões). Outra tecnologia notável é o uso de Gorilla Glass nos vidros do carro, o mesmo utilizado nas telas dos smartphones atuais, propiciando alta resistência e baixo peso. Freios de carbono-cerâmica também estão inclusos no supercarro da Ford.

Ainda não se sabe se alguma destas 1000 unidades virá para o Brasil e nem qual será o seu valor. Por enquanto o modelo veio apenas para ser apreciado durante o Salão do Automóvel.

Fotos: Fernando Marques