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Com uma largada tumultuada em que os dois carros de Ferrari abandonaram, Hamilton pilotou muito e venceu sem adversários, disparando na classificação do mundial.

Vettel confirma favoritismo com a pole

Completando uma década de participação no mundial de Fórmula 1, o circuito de Singapura sempre proporcionou corridas cheias de fatores pitorescos, como gente andando na pista, lagarto atravessando a pista e piloto batendo de propósito, só para citar alguns destes episódios.

Com a vantagem conseguida na vitória do GP da Itália, Hamilton chegou no jovem país malaio sabendo que os carros da Ferrari estariam fortes nesta pista e que Vettel era o grande favorito. Mas não bastasse isso, o inglês também teve que se deparar com o domínio total dos carros da Red Bull nos treinos livres.

Ricciardo e Verstappen, em todos os momentos antes do treino cronometrado, se mostraram aptos para a primeira fila, enquanto a Ferrari ainda não tinha encaixado uma volta que a fizesse ficar tranquila em relação a conquista da pole.

Só que Sebastian Vettel fez a diferença.

Na cronometragem oficial, a disputa entre os carros da Red Bull e a Ferrari de Vettel era muito forte, e ainda no meio do Q3 o alemão garantiu uma volta sensacional que o deu mais uma pole na carreira. Ao seu lado, mais veloz que seu companheiro Ricciardo no momento decisivo, Max Verstappen se colocou na primeira fila.

Vettel fez a pole,  mas de nada valeu.

Vettel fez a pole, mas de nada valeu.

A segunda fila era de Ricciardo e Raikkonen, e apenas na quinta posição aparecia Lewis Hamilton, tendo ao seu lado Valtteri Bottas.

Abrindo a quarta fila, Nico Hülkenberg, sempre constante, e a McLaren, mostrando que tem um excelente chassi, colocou Fernando Alonso em oitavo e Vandoorne em nono. Fechando os dez primeiros, Carlos Sainz.

Desta vez, os carros da Force India não apareceram para a etapa final do treino. Superado até por Jonathan Palmer, Sergio Perez ficou na décima segunda posição e, entre ele e Ocon, ainda havia o carro de Danill Kvyat.
Nas seis últimas posições do grid, pareados por equipe estavam Grosjean e Magnussen, Massa e Stroll e Wehrlein e Ericsson.

Que fase da Williams. Brigando nas últimas posições do grid com a Sauber que é, sabidamente, um carro muito inferior, o time inglês parece que, mais uma vez, está perdida no desenvolvimento.

Blackout na Ferrari

Uma coisa que sempre ficou na curiosidade de todos os envolvidos na Fórmula 1 era a de como seria uma corrida com iluminação artificial e chuva. E isso foi respondido neste final de semana.

Alonso foi atingido pelos carros de Raikkonen e Verstappen quando estava para assumir a terceira posição. Azar de estar no lugar errado na hora errada.

Alonso foi atingido pelos carros de Raikkonen e Verstappen quando estava para assumir a terceira posição. Azar de estar no lugar errado na hora errada.

Na hora da largada chovia um pouco, mas a pista estava totalmente molhada. A característica plana ainda dificultava um pouco o escoamento da água acumulada. Na volta de apresentação, era possível ver o spray de água bem claro por conta das luzes do circuito. Alguns pilotos já se manifestavam preocupados pelo rádio.

Porém, não foi a chuva que trouxe o enrosco na largada que resultaria no abandono de três dos principais candidatos a vitória.

Largando na primeira fila, todo mundo já esperava que Verstappen seria arrojado e que Vettel pudesse ter uma atitude mais conservadora, pensando no campeonato. E, assim como aprendemos na química, se já tínhamos combustível e comburente, faltava apenas calor para gerar o fogo, mesmo debaixo de chuva.

Vettel e Verstappen largaram mantendo suas posições, ao que Vettel foi jogando o carro para dentro da pista. Neste exato momento, Raikkonen já aparecia como um míssel emparelhando com Verstappen, que parece que nem viu o finlandês chegando com tanta força. Ao tentar movimentar seu carro para a esquerda, Verstappen atingiu a roda traseira de Raikkonen que, desgovernado, foi atingir Vettel. Enquanto o alemão conseguiu corrigir, Raikkonen seguia sua trajetória sem controle a caminho da curva um onde iria tirar de vez Verstappen, além de jogar o carro da Red Bull em cima de Alonso, que fazia um movimento de largada maravilhoso e iria assumir a terceira posição.

Mas não acabaria aí. Poucos metros à frente, já com o carro avariado, Vettel perde o controle e arranca o bico do carro, andando de marcha a ré enquanto todo o grid passava por ele. Caos total na primeira volta e ele, o safety-car, já trabalhando.

Para que o pesadelo da Ferrari fosse total, Lewis Hamilton assumiu a ponta da corrida, sem avarias, trazendo Ricciardo em segundo, Hülkenberg em terceiro, Pérez em quarto. O Pérez havia largado em décimo segundo, senhoras e senhores.

Pista limpa na volta de número cinco e a relargada teve direito a uma ultrapassagem de Palmer sobre Bottas. Alonso ainda estava na pista, mas acabaria abandonando depois com os problemas da primeira curva.

Já não chovia e a pista começava a melhorar. Na pista, havia mistura de pneus para pista extrema e chuva intermediária. Os pilotos calçados com estes últimos estavam em melhores condições.

E as brigas aconteciam no pelotão intermediário, e todo mundo achava que a qualquer momento o safety-car voltaria para a pista. Eis que aparece uma boa disputa entre Magnussen, Kvyat e Stroll, muito próximos, brigando pela décima posição. Kvyat, arrojado, passa por Magnussen e pede para o engenheiro não mais chama-lo pelo rádio pois ele precisava de concentração. Nem meia volta depois, Kvyat estava embaixo da barreira de pneus após ter errado sozinho. Resultado: safety-car back on track.

Correria para os boxes e Ricciardo puxa a fila, com Pérez e Ocon entrando em seguida. Com bastante movimentação, Vandoorne volta para a pista e tem uma disputa com Massa, com direito a toque e tudo mais, mas sem prejuízo a nenhum dos dois, e tudo isso ainda com o safety-car na pista.

Ricciado, a Red Bull que sobrou, não teve forças para superar Hamilton como pareceu que aconteceria pelos treinos.

Ricciado, a Red Bull que sobrou, não teve forças para superar Hamilton como pareceu que aconteceria pelos treinos.

A maioria do grid tinha feito a parada, mas Hamilton não.

Era a volta 14 quando o safety-car novamente se retirou da pista. Hamilton usou todos os seus recursos para se manter a frente do australiano, o seu maior adversário na prova.

Apenas dois pilotos se mantinham na pista com pneus de chuva extrema, Massa e Wehrlein.

Com a relargada, se esperava que Ricciardo fosse pra cima de Hamilton e comprovasse todo um desempenho superior do final de semana. Mas a pista ainda estava úmida, e o clima da região não deixava a pista secar com a mesma velocidade de outras pistas, e o carro da Red Bull não mostrava o mesmo desempenho dos treinos.

Sem chuva, uma hora a pista iria secar mas faltava alguém tomar a coragem de ser o primeiro a colocar pneus slicks. O cobaia, ou os cobaias, foram Magnussen e Massa. Com os tempos de volta deles, mais Stroll (sim, Stroll). Todos resolvem fazer o mesmo.

Hamilton, só na vantagem

Embora fosse o último a fazer a parada, Hamilton ainda com os intermediários tinha tempos equivalentes aos de Ricciardo já com pneus para pista seca. Nitidamente, Hamilton estava tirando a diferença no braço mesmo, como se espera de alguém que luta pelo título. O inglês fez a parada por último mas, claro, voltou na liderança.

A diferença entre Hamilton e Ricciardo variava em meio segundo a mais, meio segundo a menos. Até Felipe Massa, lá na décima segunda posição, fazia a volta mais rápida da prova. Mas nada que mudasse o rumo da prova naquele momento. O que poderia mudar, sim, seria a entrada de mais um safety-car. E não é que ele veio.

Quando todo mundo já parecia ter se acostumado com a pista seca, surge uma Sauber virada ao contrário bem no trecho da ponte, onde só passam dois carros. Era Marcus Ericsson, que tinha uma das rodas totalmente destruída. O replay da transmissão mostrou que ele errou sozinho. E o safety-car precisou voltar para a segurança dos fiscais que teriam que retirar o carro. Hamilton não gostou, mas era o procedimento normal.

Bela corrida de Sainz, de casa nova ano que vem.

Bela corrida de Sainz, de casa nova ano que vem.

Alguns pilotos resolvem ir para os boxes, caso de Hülkenberg, por exemplo, mas o carro apresenta um problema, parecia que precisava de um cabo USB para funcionar. Perdeu várias posições e acabou caindo fora da zona de pontos e mesmo retornando para a pista com a relargada, abandonaria antes do final da prova. Magnussen também abandonou antes do término da prova.
Mesmo com mais uma relargada, Hamilton não perdeu a liderança da prova e cruzou em primeiro na chegada mais pirotécnica do campeonato após duas horas de prova, já que não se pode completar o número regulamentar de voltas em razão da chuva e das três intervenções do safety-car.

No pódio, ao lado de Hamilton, Ricciardo e Bottas. Completando os dez primeiros, Sainz, que fez uma corrida muito boa assim como Pérez, o quinto colocado. Palmer e Vandoorne, depois de boa disputa na pista, cruzaram em sexto e sétimo lugares, com Stroll, Grosjean e Ocon completando os dez primeiros que pontuaram em Singapura.
O momento é todo de Hamilton faltando seis etapas para o mundial se encerrar. Será que a Ferrari vai ter forças para reagir?

Ao desligar dos motores…

– Carlos Sainz será piloto da Renault em 2018, embora alguns achem que ele pode estrear pela equipe francesa ainda este ano no lugar de Palmer. Bom pra ele;

– Terminou o casamento McLaren-Honda. Após todo o descontentamento ao longo da reedição da parceria vitoriosa dos anos 1980, a equipe de Wooking terá os propulsores franceses da Renault;

– Completando o quebra-cabeças, a Toro Rosso vai correr de motor Honda a partir do ano que vem;

– Bottas renovou com a Mercedes;

– Pérez renovou com a Force India;

– Hülkenberg bateu um recorde hoje. É o piloto com mais participações na Fórmula 1 sem nunca ter conseguido um pódio. Considerado um ótimo piloto, Hülkenberg teve boas chances hoje de abrir mão desta marca, depois de tudo que aconteceu na corrida, mas agora vai ter que torcer para aparecer outro piloto que consiga praticamente sete temporadas sem pódio;

– Hamilton virou vegano;

– Meu pedido de desculpas a Lance Stroll, mais uma vez.

Lauro Vizentim

Lauro Vizentim é Engenheiro Mecânico, trabalha há mais de duas décadas na indústria de automóveis. Gosta de criação, design e de... carros. Quando estes três gostos se juntam em uma corrida, tudo se completa. Acompanha a Fórmula 1 desde criança e colabora com o No Trânsito desde 2009.

6 Responses

  1. Glauco de F. Pereira says:

    Tem confusão na pista???? Tem Verstappen!!!!!!

    Impressionante como o menino “atraí” um treta! Seria algo genético? Evolução genética não dá saltos? Como bem sabemos, Verstappen Sênior nunca foi conhecido por sua tranquilidade, calma e qualidade de pilotagem…

    Mas, só que desta vez, não se pode atribuir ao garoto toda a responsabilidade pela malfada largada. Afinal, não se ganha uma corrida na primeira curva e Vettel, do alto de seus títulos, deveria saber disto. Mas não foi o que aconteceu.

    Sabe aquela estória de ônibus/trem lotado no início da manhã ou no final da tarde, onde sempre tem algum gaioto que pede “um passinho a frente”? Vettel fez mais ou menos isso.

    Um passinho pro lado, e Verstappen fez a mesma coisa. Moral da estória: Red Bull e Ferrari misturaram as tintas, ainda mais com o acréscimo de uma “pequena” dose de Vodka trazida por Raikkonen. E Raikkonen? Será que tem gente em Maranello arrependido pela renovação de contrato?

    Literalmente uma mistura explosiva!

    Depois disto, tivemos na verdade um “sunday driving” de Hamilton, que nem mesmo em seus melhores sonhos esperava sair de Singapura com uma pontuação tão a frente. A Ferrari resta somente juntar os cacos e fazer um restante de temporada honrada, pois parece favas contadas o título de Hamilton em 2017…

    Se bem que, como dizia na propaganda de uma seguradora, “…vai que…”

    Riccardo, com seu sorriso de 128 dentes, segue impoluto no “massacre” a Verstappen. Anda parecendo aquele centroavante que se, deitado na grande área, a bola bate nele e entra. Imagina então com um carro mais competitivo o que poderia fazer?

    Ouso dizer que, se Verstappen não parar de fazer e de se envolver em confusões, seja abrindo a boca ou seja pilotando, além de as “sovas” de Riccardo começarem a se tornar comuns, será mais uma grande promessa que não fará jus ao que se esperava.

    Tem gente no grid que faz muito mais jus no carro das “latinhas”, como Hulkenberg, Ocon ou até mesmo Kubica, que tá por aí como quem não quer nada…

    • Sempre muito boa sua réplica Glauco. Concordo com você sobre o fato de que, desta vez, Verstappen não teve culpa e é, para mim, a maior vítima do acidente.
      Raikkonen teria feito a largada do ano se passasse ileso na curva 1, apesar que Alonso, ele, fez uma largada simplesmente espetacular até tomar uma ceifada dos carros sem controle após a batida.
      O que Ricciardo vem fazendo é algo louvável sim, e o contraponto é que Verstappen não tem como ser comparado porque está passando mais tempo este ano dando entrevista do que pilotando. Mas eu ainda vejo nele um cara de muito futuro.
      Seria bom ver meio grid com carros como o da Mercedes ou Ferrari, mas historicamente nunca foi assim.
      E aí eu me lembro Ayrton Senna disputando posição com Mansell, já desclassificado da corrida, e tomando uma bela pancada na traseira e abandonando o GP de Portugal de 1989, praticamente encerrando suas chances de bicampeonato.
      Segue a história.
      Abraço

    • lsussumu says:

      Muito bom poder acompanhar os textos do Lauro e logo em seguida ler o comentário do Glauco! Não comento muito, mas estou sempre lendo.

      Dessa vez concordo com vocês, a culpa não foi do Verstappen. O Vettel parecia aqueles motoristas malandros, vem por outra faixa para fazer a conversão jogando o carro em cima dos outros.

      Bora para a próxima corrida.

      • Fábio Abade says:

        Vocês não estão percebendo que o principal disso tudo é que o Sussumu está na berlinda e ano que vem vai ter serie B do Bolão!!

        KKkkKK

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