McLaren F1 – Da Vinci sobre rodas


Leonardo da Vinci é considerado um dos maiores gênios da história devido à sua multiplicidade de talentos para ciências e artes, sua engenhosidade e criatividade quase sobre humanas. Assim como o que era tocado por Da Vinci tornava-se patrimônio da humanidade, o que era tocado por Gordon Murray tornava-se patrimônio da engenharia automotiva.

A Capela Cistina de Murrary, um dos maiores engenheiros e designers automotivos da história da Fórmula 1, foi uma obra de arte concebida para superar todos os superesportivos já produzidos até então. Projetado por Gordon com a McLaren, o esportivo foi uma espécie de aprimoramento de um carro de Fórmula 1 para as ruas. Após mais uma temporada da maior categoria do automobilismo mundial, Ron Dennis perguntou ao colega Gordon Murray “o que faremos agora?” e a resposta foi “que tal o melhor carro de rua já construído até hoje?”.

O resultado foi a McLaren F1, um exótico esportivo com o menor peso possível e o maior motor que os engenheiros ingleses conseguiram encontrar. Para conseguir o feito, Gordon construiu o chassis do F1 inteiramente em fibra de carbono mas não parou ali. O enorme motor BMW V12 é totalmente banhado a ouro 24K visando otimizar a dissipação térmica do bloco. O carro traz no porta malas até mesmo um completo kit de ferramentas forjadas com titânio puro para o caso de o proprietário desejar realizar algum ajuste mecânico no motor 627 cavalos.

Ao contrário de um automóvel projetado para ser lucrativo, a McLaren F1 não possui absolutamente nenhum comprometimento com nada senão a perfeição em engenharia mecânica. O desempenho do carro foi aprimorado em túnel de vento onde também foram testados os freios gigantescos, a pressão aerodinâmica assegurada pelo grande aerofólio traseiro e até mesmo o radiador superdimensionado. A posição de dirigir é central tal como em um carro de corrida. Para ligar o carro o motorista aciona a ignição ativando os sistemas elétricos e então manualmente liga as bombas de combustível. É possível ouvir a gasolina sendo trazida dos tanques percorrendo lentamente toda a linha de alimentação. Finalmente, ao apertar START a mágica começa e ouvimos um dos sons mais impressionantes já extraídos de um motor naturalmente aspirado automotivo. Não há sistema de som algum, tampouco abafadores obstruindo o fluxo de gases no sistema de exaustão. O subir de giro do motor pode provocar tanto ruído vindo do escapamento direto que o motorista possui headphones para conversar com os outros dois passageiros que o carro comporta. O painel é completamente espartano. Os instrumentos são simples, sem sofisticação, desenvolvidos em fibra de carbono como em um carro de corrida.

O resultado foi um automóvel sem superalimentação capaz de quebrar o recorde mundial de velocidade por duas vezes consecutiva. Entre 1994 a 1998 a McF1 sustentou a marca de 374 km/h e entre 1998 a 2005 manteve o recorde em 386,5 km/h. Na época de seu lançamento alguns ingleses se referiam à McLaren F1 como “o maior prazer que você poderia experimentar vestindo suas roupas.”

Uma década após seu surgimento, outros superesportivos começaram a quebrar algumas conquistas da obra de arte inglesa. Entretanto, os que superavam esse carro com 16 anos de idade, o faziam com o uso de sobrealimentação, à exemplo do Bugatti Veyron e seus quatro turbo compressores. Com 374 cavalos a mais, em recente teste realizado pelo programa Top Gear da rede inglesa de televisão BBC, o Veyron superou a McLaren F1 por pouquíssima diferença, em linha reta. Há muitos especialistas que acreditam na superioridade da McF1 ainda nos dias de hoje, quando em um circuito misto. Os 627 cv em um motor aspirado estão muito melhores distribuídos ao longo de sua faixa linear de subida de giro. Aliada à distribuição perfeita de peso a o acerto primoroso da suspensão, a F1 ainda é o mito a ser batido.

Fotos: Internet/Divulgação


14 Responses

  1. Parabéns pela matéria Rodrigo. Comparar Gordon Murray, este sul-africano que projetou os carros Brabham de Piquet e que também na época usava motores BMW, com Leonardo da Vinci ou qualquer outro gênio em sua atividade é perfeitamente coerente. Quanto ao carro, dispensa comentários.

  2. Victor BM says:

    É sempre bom conhecer um pouco da história dos carros… Realmente é uma obra prima, nervosa e linda!

    Alguém sabe quantas dessas existem no mundo? Valor?

    Dirigir um monstro clássico como esse deve ser um prazer pra poucos.

  3. Victor BM says:

    Já ia me esquecendo, meus parabéns ao Rodrigo Almeida que está estreando com esta bela matéria, seja bem vindo!

    Abraço

  4. Foram produzidos ao todo 100 unidades.

  5. Bruno vinicius says:

    Excelente materia esse carro e um mito junto com a F40 e o lamborguini diablo e bugatti EB110 parabens pela materia e pelas fotos continue assim.

  6. Juliano d'Acampora says:

    O foguete do Need for Speed II!
    Não viaja, tô bêbado e morrendo pra escrever isso mas eu garanto que foram produzidas muito mais do que 100 unidades da McLaren F1.

  7. Juliano d'Acampora says:

    Pelo Wikipedia foram feitas 100 unidades mesmo, mas Wikipedia é só a merda do Wikipedia, e esta pessoa continua duvidando.

  8. Juliano d'Acampora says:

    Ahauha tava de palhaçada, aliás só to escrevendo mais esse comentátio pq tava vendo um filme do Mr. Bean agoar mesmo e lembrei que ele (o ator Rowan Atkinson) arrebentou com uma dessas, se não me falha a memória era uma da cor vinho. Quem tiver paciência que procure aí!
    Abraço

  9. Edu says:

    Morei em Miami alguns anos e cheguei a ver uma dessas duas vezes. Era uma azul marinho.. espetacular…
    Já vi tudo que é carro pois lá a coisa é “forte”, mas sem dúvida a McLaren foi um evento garimpado..

  10. Marc says:

    Mesmo banhado a ouro o motor não resistia a percursos longos. Vários proprietários residentes na Alemanha reclamavam que o carro acendia a luz de alerta quando levado ao extremo.
    E na Alemanha com suas autobahns fica difícil não acelerar uma maquina dessas.
    A Mclaren até criou um sistema que conectava a central do carro a internet para que seus técnicos averiguasse o problema.

  11. Mayco Alexsander says:

    Esta realmente é uma obra prima da engenharia. Temos que lembrar também que ela não possui nenhuma dessas tecnologias mais novas: Controle eletrônico de tração, sistema de freios ABS e programa eletrônico de estabilidade (ESP).

    É um carro puro sangue!

  12. Victor BM,
    valeu pelas boas vindas.

    E infelizmente é verdade, o Mr. Bean destruiu uma McF1 LM. Reza a lenda que existem fotos dela no wrecked exotics.

    Eu que não sou louco de olhar!

  1. 25/11/2009

    […] Leia o artigo na íntegra aqui. […]

  2. 15/12/2010

    […] criarem o melhor que conseguissem sem nenhuma restrição técnica, comercial ou orçamentária: McF1). Compartimento do motor da McLaren F1: Esse não precisa de tuning. | Fonte: […]

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