Fórmula 1 – Testes de Jerez e Barcelona


O final da pré-temporada da Fórmula 1 na Espanha aumentou ainda mais a expectativa para o campeonato que começa dia 14 de março. E tudo isso porque não há um favorito ao título, mas sim, vários.

Foi lendo diariamente e acompanhando em algumas oportunidades o que aconteceu em tempo real que traçamos o que esperar para daqui a menos de duas semanas no Bahrein. Toda a imprensa especializada dividiu as equipes em grupos que vamos analisar desta forma:

As favoritas: a Ferrari, que havia dominado totalmente os treinos em Valência, foi muito mais discreta nas duas semanas de teste em Jerez de La Frontera e na última semana em Barcelona, mas é apontada pela concorrência como a equipe a ser batida. No dia em que melhor andou em Jerez, com Alonso ao volante, levou quase um segundo da Red Bull que era pilotada por Mark Webber. Já em Barcelona, que diferente de Jerez e Valência é a única pista que além dos testes também sediará uma das etapas do campeonato, o melhor desempenho da equipe de Maranello foi um terceiro tempo com Felipe Massa exatamente no último dia, também atrás da Red Bull de Mark Weber. Só que a diferença ficou em míseros 43 milésimos. E como já falei da Red Bull, ponha a equipe dos energéticos entre as favoritas, sem dúvida.

Sem treinar em Valência, chegou discreta na primeira semana em Jerez, ficando sempre do meio para trás na tabela de classificação. Em contrapartida, dominou a segunda semana tanto com Vettel quanto com Webber e chegou se impondo no primeiro dia em Barcelona. Manteve-se bem e fechou os treinos com insignificantes 24 milésimos atrás de outra favorita, a McLaren. Com Button, o “British Team” já havia feito o melhor de todos os tempos em Jerez, e repetiu a dose com Hamilton para fechar os treinos de Barcelona na frente. A diferença, já citada, foi mínima, mas a McLaren mostrou competitividade logo no início da temporada, bem diferente do que aconteceu na mesma época no ano passado. A Ferrari, de olhos abertos para as rivais, chegou a testar a inovação que a McLaren trouxe para a temporada, a carenagem superior do motor (bigorna) unida a asa traseira.

E pra fechar o grupo, a Mercedes. É verdade que a ex-Brawn ficou um pouco abaixo da expectativa. E sempre que fez a melhor marca do dia, as condições climáticas eram instáveis e ajudaram. O detalhe é que foi Nico Rosberg o responsável pelas duas lideranças. O carro pode até não ser espetacular, mas o time germânico tem dinheiro, tem motor, tem estrutura e tem Ross Brawn para ditar as estratégias, além de contar com Michael Schumacher.

As intermediárias: Logo abaixo deste grupo estão outras cinco equipes que podem surpreender as quatro primeiras. Destas, a BMW Sauber foi a mais constante, realizando uma ótima pré-temporada e dando indícios que pode ser a quinta força do campeonato. Vale lembrar que a BMW Sauber vai correr de motor e câmbio Ferrari (por mais estranho que possa parecer), assim como a Toro Rosso, outra equipe que fez uma boa pré-temporada, principalmente na primeira semana de Jerez. Ambas devem, ao menos, virem melhor que o ano passado. Mas tem também a Force India, que vem ascendendo a cada temporada, tem propulsão Mercedes, e fechou os testes a menos de 150 milésimos da McLaren que também usa motor Mercedes. Bem posicionada neste bloco também está a Williams. Se havia preocupação em relação ao motor Cosworth, o time inglês mostrou que o conjunto do chassi com esse motor nasceu bem, embora terá de evoluir ao longo da temporada. Andou bem, especialmente em Barcelona e isso foi positivo para o time. Deve brigar com a BMW Sauber pela quinta posição neste início de temporada. Fechando o grupo, a Renault, que não mostrou o potencial de um time que foi bicampeão há pouco mais de três anos. A mudança no comando da equipe e o pouco interesse da montadora devem ser significativos para uma temporada que não deverá deixar saudades para o time e que pode levá-la, inclusive, a brigar pelas últimas posições no grid.

As retardatárias: Não foi surpresa ver a Virgin e a Lotus nas últimas colocações, praticamente todos os dias. A Virgin mostrou aos que querem ser competitivos na Fórmula 1 que não basta desenvolver um carro em software apenas, enquanto a Lotus foi muito conservadora no projeto como um todo. Como ambas vão usar o motor Cosworth, vai ser interessante a briga entre elas pra ver quem vai virar mulher do padre.

E, se existe o ditado de que os últimos serão os primeiros, destes últimos já há um primeiro, pelo menos a sucumbir. A USF1, mesmo inscrita para o mundial, sequer conseguiu construir os carros em tempo e pediu para sair. Diz que voltará em 2011.

A Campos, equipe que parecia ter a melhor estrutura das estreantes, foi vendida, mas garantiu que seus carros estarão no Bahrein para os treinos, talvez com o nome de Meta. Ou seja, tem tudo para dar errado. E tem a Stefan GP, que disse que também vai estar no Bahrein, tem carros e toda uma estrutura da antiga Toyota, mas como dissemos na coluna anterior, não está inscrita para o campeonato. E foi exatamente por isso que não pode testar seus carros porque a fabricante de pneus Bridgestone só pode fornecer seus compostos para quem tem a inscrição na FIA. Eu nunca havia visto ou ouvido nada parecido.

Já na prova de abertura, tanto no grupo das favoritas quanto no das intermediárias poderá haver mudança, pois ninguém sabe quanto combustível cada equipe usou durante os treinos. Pela variação do tempo das voltas, era possível saber se o carro estava mais pesado ou mais leve, mas quanto? Cheio até a boca ou só com um “cheiro” de combustível para subir na tabela? Todas essas dúvidas começam a ser esclarecidas no próximo dia 12, primeiros treinos livres na pista de Sakhir, no Bahrein, que também traz novidades com um traçado pouco diferente do usado nas temporadas anteriores.

Como vocês puderam perceber, não falei quase nada dos pilotos ainda. Vamos falar sobre eles na próxima coluna, semana que vem, onde vamos contar seus perfis e objetivos, além de contar um pouco mais da história das equipes. Assim você poderá torcer e dar seus palpites ao longo da temporada. Uma coisa eu garanto: emoção não vai faltar.

Lauro Vizentim

Lauro Vizentim é Engenheiro Mecânico, trabalha há mais de duas décadas na indústria de automóveis. Gosta de criação, design e de... carros. Quando estes três gostos se juntam em uma corrida, tudo se completa. Acompanha a Fórmula 1 desde criança e colabora com o No Trânsito desde 2009.

9 Responses

  1. Beatriz says:

    O que esperar da Ferrari? Mas, por outro lado, é uma chance para outras equipes “brilharem” também. Estou certa?

  2. Lauro says:

    Olá Beatriz, tudo bem?
    Não sei se entendi a sua pergunta, mas podemos esperar da Ferrari um carro extremamente competitivo para este início de temporada. Embora mais discreta no final dos testes coletivos, a Ferrari pode estar usando a tática de esconder o jogo. Vai vir forte, pode ter certeza. Agora quanto a outras equipes brilharem, acho que não tem relação direta com a queda de rendimento desta ou daquela equipe. Brigar para ser a quinta melhor equipe atrás de Ferrari, McLaren, Mercedes e Red Bull já deve ser considerado um ótimo resultado. E acho que em algumas pistas, a briga vai ser muito parelha. Na Bélgica, ano passado, a modesta (mas séria) Force India, com Fisichella, fez a pole position e chegou em segundo praticamente embutida na caixa de câmbio da Ferrari de Raikkonen. Espero que eu tenha conseguido te responder. Até mais!

  3. Beatriz says:

    É, pode ser realmente uma tática. Bom, é ver para crer.

  4. Victor BM says:

    Início de temporada até quem não acompanha F1 fica curioso. E já que o texto termina com “emoção não vai faltar”, tenho quase certeza que vou tirar um diazinho ali, outro aqui, pra espiar como tudo vai se desenrolar.

  5. Grande Lauro! Confesso que fiquei excitado e vim logo ler a coluna ao ver a bela foto na capa do blog: um re-estreante Schumacher a bordo da nova Mercedes!

    Uma pergunta: o motor e câmbio Ferrari que BMW Sauber e Toro Rosso irão usar são referentes ao ano passado, como de costume?

    Abraços!

  6. Lauro says:

    Fala Eduardo!
    Normalmente os motores que a Ferrari fornece para outras equipes sempre é uma versão anterior ao usado por ela nos seus carros atuais. Mas não me parece que isso acontecerá em 2010, pois a especificação do motor é o 056 para a Ferrari e a Toro Rosso. Deve ser o mesmo para a BMW Sauber também. Quando a Ferrari forneceu motores para a Force India em 2008 já era o mesmo. A Renault vai usar o mesmo RS27 para si e para a Red Bull. A Force India, agora de motor Mercedes, vai usar a mesma versão da equipe alemã. Me parece que o da McLaren deve ser diferente, mas não sei ao certo se é uma versão anterior.
    O resto do grid vai de Cosworth.
    Assim que tiver mais detalhes, informarei.
    Um abraço.

  7. Dio Santo!!! Mammamia, che peccato! 🙁

  8. Ah Lauro, isso não se deve ao congelamento dos motores, coisa de 2 ou 3 anos pra cá? Tava vendo uma entrevista do Massa e ele comentou algo a respeito…

  9. Carlos André says:

    Olá Lauro!

    Qual é a previsão para esse GP de Barcelona com os últimos resultados? Quais as vantagens dos carros das principais equipes neste circuito? Daqui por diante pode ser apostado uma melhora no desempenho da Ferrari? uma vez que sempre se observa, em campeonatos anteriores, uma maior competividade da equipe nessa etapa da competição.

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