O flagra da imprudência

Domingo, 20 de setembro de 2009. Era por volta das duas da tarde quando resolvi caminhar com um amigo para fotografar as ruas em volta da casa onde estávamos hospedados. Haviam muitas casas de alto padrão e cenários urbanos lindos para fotos, como um túnel formado pela grande arborização da rua. Era justamente neste túnel quando ele fotografa com um Nissan Sentra vindo em nossa direção, e comenta comigo: “bem que poderia ser uma Ferrari”. Atravessamos a rua, esperamos mais um minuto e na esquina onde estávamos fotografando aparece um Porsche Boxster prata. Ele fez a curva bem devagar, e logo após acelerou com força, cortando o giro em alguns instantes. Fiz uma foto dele perto de onde a rua faz uma curva, e então o perdemos de vista. Mas alguns segundos após eu ter tirado a última foto, ouvimos um barulho de derrapagem e logo após um barulho de batida e cachorros latindo.

Eu e meu amigo nos olhamos: “será?”, e saímos correndo para ver. No início pensávamos que ele tinha batido na avenida que corta o bairro e dá pra ver na segunda foto, mas assim que chegamos nela não vimos nada. Pensei por um instante que não havia acontecido nada, mas foi quando percebi que os carros estavam entrando numa rua numa velocidade muito baixa. No instante já me dei conta de que de fato havia acontecido ali um acidente, e caminhei em direção àquela rua para ter certeza de que era com o Porsche. Era, o motorista havia perdido o controle, acredito que após sair de traseira na hora de fazer a curva para entrar na rua, e bateu num poste. O homem que estava no banco do carona sacudia o motorista e tentava sentir sua pulsação. Meu amigo chegou a cogitar a ideia de que o motorista não tinha escapado, e preferiu não se aproximar. Fui lá ver, e vi que o motorista estava com a cabeça cheia de sangue, e havia um quebrado no vidro coincidentemente à frente motorista, e com um tamanho de uma cabeça. Por esta razão lógica rapidamente cheguei à conclusão de que o cinto de segurança não estava sendo utilizado. Vi também que o airbag do motorista não inflou, o que talvez tenha sido sorte do motorista. Digo “talvez tenha sido sorte” pois li que o airbag sem o cinto de segurança muitas vezes pode até ter efeito contrário ao de salvar vidas. Não tirei mais fotos nesta hora por respeito ao motorista inconsciente no carro e ao outro envolvido.

Eu e meu amigo ficamos ali por mais um instante, e nisso os moradores da rua vieram se queixar de que a velocidade com que os motoristas entram naquela rua é muito alta, e que era para nós, que ainda não possuímos Carteira de Motorista e nem éramos da cidade, aprendermos uma lição com este acontecimento. Então voltamos para casa, pois o almoço estava quase pronto. Narramos o acontecimento pra todos, mostramos as fotos do antes e depois, e fomos almoçar. Como queríamos tirar mais fotos do carro sem o motorista dentro, assim que terminamos de almoçar fomos para o local do acidente, a poucos metros dali.

Chegamos lá e haviam os policiais cuidando do carro e alguns curiosos em volta. Enquanto tirávamos fotos, um outro morador nos contou que o motorista acordou pouco antes da ambulância chegar e foi encaminhado para o hospital. Durante a sessão de fotos, apareceu um carro pouco à frente, e um homem que se dizia ser o irmão do motorista foi até o carro, e enquanto ele caminhava eu consegui ver no banco do carona deste carro um outro homem, com a camiseta da mesma cor da do motorista, com a aparência do motorista e com uma atadura na cabeça. Somando os fatos, cheguei à conclusão de que era o motorista, que já estava bem, indo dar uma olhada na besteira que havia feito minutos antes.