Retrato de 2011


Quase a foto oficial, o GP da Coréia teve Vettel voltando a vencer, com Hamilton, Webber, Button e Alonso embolados logo atrás e Massa um pouco mais distante. Assim também tem sido o campeonato. O destaque ficou por conta de Hamilton, que ressurgiu.

Hamilton quebra a hegemonia de poles da Red Bull

Muito contestado nas últimas atuações. Esse era o Hamilton que chegou para o GP da Coréia do Sul, ameaçado de ser repreendido pela FIA, de correr sob vigilância, etc. Só que, debaixo daquele capacete amarelo, ainda tem muito talento, e isso ficou comprovado no final de semana, especialmente no treino de sábado. Os treinos anteriores tiveram chuva.

Hamilton se mostrou, pela primeira vez na temporada, que era candidato sério à pole position, só que a responsabilidade de quebrar a hegemonia da Red Bull era bem grande. O inglês, porém, não se intimidou. Aliás, Button e Hamilton mostravam que os carros da McLaren estava forte em Yeongam, e ambos fizeram os melhores tempos no Q2.

Quem não conseguiu vaga no Q3 foi Schumacher, com um modesto 12º tempo, enquanto Rosberg conseguiu um bom sétimo posto. E os outros “coadjuvantes” do Q3 foram Petrov, que voltou a andar bem à frente de Senna, e os dois carros da Force India, com Paul di Resta na frente de Sutil. Detahe: Alguerssuari e Buemi, ambos da Toro Rosso, largaram à frente e atrás de Schumacher, respectivamente. Depois vamos falar mais da filial da Red Bull.

Voltando para o Q3, os protagonistas trataram de mostrar para que vieram. Massa, por exemplo, chegou falando grosso, admitindo a má fase na primeira metade da temporada, mas se dizendo confiante o suficiente para andar no mesmo ritmo ou até mesmo à frente de Alonso. E conseguiu, de novo. O espanhol foi apenas sexto, com o brasileiro em quinto.

Assim, sobraram os McLaren e os Red Bull para a disputa da pole. Webber, definitivamente, não consegue andar no ritmo de Vettel, e ainda teve que amargar os dois carros da McLaren à sua frente. Button não conseguiu nada melhor que o terceiro lugar, porque Hamilton tratou logo de fazer o melhor tempo no início do Q3. Vettel, em uma última tentativa, conseguiu pular à frente, mas Hamilton vinha esfacelando o tempo do alemão. E não deu outra. Por respeitáveis pouco mais de dois décimos de vantagem, Hamilton foi até agora o único piloto não rubro-taurino a marcar a pole position em 2011, e isso levou 16 etapas.

Largada com Hamilton e Vettel na frente

Diferentemente de Vettel, que comemora cada pole e cada vitória, Hamilton saiu do carro sem sequer sorrir, demonstrando uma frieza bem diferente daquela alegria de garoto que costumava demonstrar quando atingia um bom resultado. Talvez porque Hamilton soubesse que apenas a pole não era suficiente para alegrar seu final de semana. E não é que o inglês estava certo…

Disputando centímetros

Bastaram alguns metros após a largada para que o mais novo bicampeão mundial voltasse para seu lugar de costume, em uma manobra apertada, mas eficiente. Por falar em aperto, a briga entre o terceiro e sétimo lugares, com Button entre as Ferraris, Webber abrindo caminho sobre o inglês e Rosberg dando sufoco na turma da frente, já foi de arrepiar. Mas tinha mais.

Vettel tomou a ponta da prova no início e não largou mais.

Button, preso entre as Ferraris de Massa e Alonso, caiu para a sexta colocação, o que não era muito para o inglês acostumado com boas recuperações. Só que a pista da Coréia, além de estreita, tem uma sequência de curvas que dificulta a ultrapassagem, favorecendo a defesa da posição. Pra piorar, pingos de chuva na tela das câmeras mostravam que a corrida poderia ganhar ares de suspense.

Hamilton começava a descontar a diferença para Vettel, mas o alemão da Red Bull parecia ter reservas e não deixou com que a aproximação lhe fosse uma ameaça. O mesmo não dava pra dizer da briga entre os carros da Ferrari. Ambos, Massa e Alonso, pareciam tirar mais do que o carro permitia, e por várias vezes estiveram muito próximos. Como a briga não se definia, Button e Rosberg chegavam perigosamente. Alonso se segurava fritando os pneus.

Na primeira rodada de pit-stops, a Mercedes devolve Rosberg na frente de Button, quando ambos entraram juntos para o pit. Na frente é modo de dizer, porque ambos saíram lado a lado no pit Lane, mas Rosberg pulou à frente com uma “estilingada” logo após o trecho controlado. Empolgação demais, Rosberg deu uma pequena escapada e Button tomou-lhe a posição. Só que não acabou por aí. Rosberg ainda teve sangue frio para se recuperar sobre Button na longa reta oposta.

O carro de Schumacher, atingido pelo foguete russo.

A janela inicial de pit-stops não foi boa para os carros vermelhos de Massa e Alonso, que voltaram atrás de Button e Rosberg. Pode-se dizer que também não foi boa para Schumacher e Petrov. Quando ambos voltaram para a pista, Petrov errou a freada do final da reta oposta e acertou a roda traseira direita de Schumacher, tirando ambos da prova, e promovendo a entrada do safety-car. Aqui vale uma nota para a total falta de preparo dos fiscais sul-coreanos, que demoraram muito para retirar os destroços dos carros de Schumacher e Petrov.

Voltando para a prova, na re-largada, Button, que era quarto, forçou sobre Webber, mas sem sucesso. Rosberg, Massa, Alonso e Alguerssuari (olha a Toro Rosso aí) completavam os oito primeiros. E a corrida seguia sem mudanças até que Massa e Alonso ultrapassam Rosberg, que imediatamente decide ir para os boxes com os pneus bem desgastados. Lá na frente, os três primeiros andavam próximos, com Hamilton mais atacado por Webber do que atacando Vettel.

Massa ficou boa parte da prova na frente de Alonso, mas o espanhol terminou na frente do brasileiro

E depois da segunda parada, com pouco mais da metade da prova, um dos duelos mais bonitos e duradouros dos últimos tempos. Hamilton foi duramente atacado por Webber, que por várias vezes esteve lado a lado com o inglês. Só que Hamilton, desta vez, deu uma aula de defesa e segurou o australiano até o final da prova. Com isso, Button se aproximava. Alonso havia ganhado a quinta posição de Massa nos boxes, e não largou mais. Inclusive, com pista livre, Alonso fez seguidamente as voltas mais rápidas da prova e conseguiu chegar em Hamilton, Webber e Button, mas faltando algumas voltas, pelo rádio, admitiu que não tinha como alcançar posição melhor. Os quatro chegaram a estar separados por pouco mais de dois segundos. Webber até chegou a ganhar a posição de Hamilton, mas o inglês retomou a posição na freada seguinte, depois da reta oposta.

Red Bull é campeã

No final das contas, não houve precipitações atmosféricas suficientes capazes de trazer alguma nova perspectiva para a corrida. E, enquanto todos aguardavam o que iria sair da briga pela segunda posição, Vettel cruzou a linha de chegada com certa folga, nesta que foi sua primeira vitória depois da consagração do bicampeonato. Hamilton foi o segundo colocado, andando bem e se defendendo como nunca de Webber. Fez uma ótima corrida e tinha a melhor volta da prova até a última passagem, quando Vettel resolveu tirar-lhe o doce.

Webber tentou a dobradinha, mas Hamilton não deixou.

Lembram que eu falei da dupla da Toro Rosso? Pois é. Alguerssuari chegou a andar em terceiro, com um pit-stop a menos, mas no final ultrapassou Rosberg e conseguiu um ótimo sétimo lugar, atrás apenas das três grandes. E Buemi foi nono, logo atrás de Rosberg. Paul di Resta também fez boa prova e terminou na décima posição.

Com o resultado, a Red Bull vence o campeonato de construtores, como esperado, enquanto que a McLaren e a Ferrari devem confirmar a segunda e terceira posições na classificação final. Já na briga pelo vice-campeonato de pilotos, Button tem 222 pontos, Webber 212, Alonso 209 e Hamilton 196, ou seja, 26 pontos separam o segundo e o quinto colocado faltando 75 pontos em disputa. É capaz de Hamilton “atrapalhar” o vice-campeonato de Button, e o título acabar nas mãos de Webber. Alonso depende muito do carro, e não parece disposto o suficiente para compensar as limitações da Ferrari no braço, como se diz.

A dupla Vettel e Webber garante o título para a Red Bull


Está chegando o GP do Brasil, mas antes tem a estréia do GP da India e o lusco-fusco do GP de Abu Dhabi.
Estaremos lá!

Lauro Vizentim

Lauro Vizentim é Engenheiro Mecânico, trabalha há mais de duas décadas na indústria de automóveis. Gosta de criação, design e de... carros. Quando estes três gostos se juntam em uma corrida, tudo se completa. Acompanha a Fórmula 1 desde criança e colabora com o No Trânsito desde 2009.

1 Response

  1. Fábio A. says:

    Mais uma vez a chuva não veio e acabou com minha aposta no Bolão!!

    Botei fé que choveria e o Button faria A diferença!!

    Mas tudo bem!!

    Agora, quanto ao Petrov, creio que o regulamento da F1 deveria incluir o bafômetro antes dos GPs!! Esse russo ta pilotando com a cara cheia de Vodka!!

    HAHAHAHAHAHA

    Laurão, parabéns pelo ótimo texto!!

    Abraços!!

    Vamo que vamo!!

Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *