Somos tão jovens


Vettel se sagra bicampeão da categoria no palco de Suzuka, onde vários títulos históricos foram decididos. Bastou um terceiro lugar, mesmo com a vitória de Button, para o precoce alemão fazer história, de novo.

Button não queria deixar

Jenson Button dominou os três treinos livres no Japão e mostrava que faria a sua parte para tentar o improvável adiamento da decisão do título. Mas não é que na hora do treino oficial, para alegria dos espectadores presentes em Suzuka, o Q1 foi liderado por… Kamui Kobayashi! Mesmo sabendo que aquilo era ilusório, Kobayashi escolheu pneus macios e teve sua pequena fama, em casa. Em segundo, ficou Adrian Sutil, da Force India, também tirando proveito do momento. Quem conseguiu um feito também foi Rosberg, que com problemas hidráulicos no Mercedes, ficou apenas com o 23º lugar no grid.

Quem passou sufoco foi Bruno Senna. Depois de uma batida no treino livre da manhã de sábado, Senna não sabia se teria o carro em condições para o treino, mas conseguiu chegar ao Q3. Aliás, Kobayashi, Schumacher, Senna e Petrov, que chegaram ao Q3, abriram mão de suas voltas rápidas e largaram respectivamente entre o sétimo e décimo lugares.

Lá na frente, as grandes Red Bull, Ferrari e McLaren mostravam suas forças. Webber, foi apenas o sexto colocado. Massa conseguiu superar Alonso e ficou com a quarta posição. Com o cronômetro quase zerado, Hamilton assumiu a ponta e mostrava que a McLaren realmente estava forte. Mas Vettel é inexplicável. O atual campeão conseguiu superar o britânico em 0.151 segundos e aguardou alguns outros segundos para poder saber se seria pole, porque Button vinha fechando a sua e o tempo do inglês era tão bom quanto o de Vettel. Tão bom, mas não o suficiente para fechar a frente do alemão. Para Button, faltou ser um centésimo mais rápido. Vettel foi então para seu lugar habitual, fazendo até o momento 12 das quinze poles da temporada e mantendo a hegemonia da Red Bull.

O que me chamou atenção ao final do treino foram as reações antagônicas de Hamilton e Button ao lado de Vettel. Button cumprimentou e brincou com Vettel, sorriu, estava absolutamente conformado com o resultado. Tranqüilo e esportivamente maduro, como um grande campeão. Hamilton, por sua vez, era a imagem do desconforto e até de certa arrogância. Hamilton sabia que poderia ter conquistado a pole mas admitiu um pequeno erro na volta rápida, o suficiente para lhe tirar o humor e deixá-lo “avulso” na tradicional foto dos três mais rápidos do treino.

Com cabeça e com talento

Eu preciso confessar que, depois de muitos anos, tantos que nem lembro quantos exatamente, não tive como assistir o GP do Japão por motivos totalmente alheios à minha vontade e, por isso, peço desculpas por não conseguir trazer para vocês o que sempre procuro escrever, o resumo da corrida e o meu ponto de vista. Assim, depois de apenas ler o que aconteceu e de quase perder até o resumo da emissora principal, vou vender o peixe que comprei.

Button força na largada, mas Vettel não deu moleza

Na largada, Button obrigou Vettel a fechar-lhe a porta, o que acabou deixando Hamilton em uma posição mais confortável para deixar o companheiro para trás. Mas, não muitas voltas depois, Button recuperou a posição sobre Hamilton assim como Alonso também superou Massa. Por falar em ultrapassagem, Kobayashi fez uma daquelas dignas de valer o ingresso sobre Alguerssuari, da Toro Rosso, mas foi apenas este seu grande momento na prova, não conseguindo corresponder à expectativa do sétimo lugar no grid e terminando apenas na décima terceira posição, exatamente uma à frente do próprio Alguerssuari. Seus companheiros de equipe também foram protagonistas do GP. Sergio “cada vez mais Ligeirinho” Pérez conseguiu um brilhante oitavo lugar, depois de ter largado em décimo sétimo. Já Buemi, parceiro de Alguerssuari, vinha bem na nona posição, mas, ao que parece, os mecânicos da Toro Rosso esqueceram de apertar a roda dianteira direita do carro do suíço logo depois da primeira parada de pit-stop. Sem uma das rodas, Buemi abandonou.

Hamilton e Massa se encostaram de novo. A rivalidade só faz aumentar

Em mais um capítulo da rivalidade Massa x Hamilton, ambos voltaram a se tocar, só que desta vez Massa perdeu um pequeno pedaço da asa dianteira. Este pedaço da asa ficou caprichosamente no meio da pista, provocando a entrada do safety-car e juntando todo o grid de novo. Vettel continuava na ponta, com Button em segundo e Alonso em terceiro. Enquanto isso, Rosberg fazia boa corrida de recuperação e conseguiu chegar em décimo, apenas dezesseis segundos atrás de Schumacher, que foi o sétimo, e cinco segundos atrás de Pérez, o oitavo. Em nono chegou Petrov.

Alonso foi discreto, mas chegou perto do vencedor Button

Button fazia por merecer um resultado melhor e, quando Vettel foi para o último pit-stop (o terceiro), o inglês aproveitou para fazer voltas rápidas e conseguiu voltar à frente de Vettel quando este fez sua parada. Alonso também se aproveitou do momento e ganhou a posição de Vettel, que caiu para terceiro, mas a posição era mais que suficiente para garantir o bicampeonato. Webber, Hamilton e Massa completaram os seis primeiros.

A segunda é sempre melhor

Eu costumo dizer que ser bicampeão é mais importante do que ser campeão. Um campeonato pode vir num lance de sorte, num ano atípico, em uma condição especial. Ainda que de grande importância, o título único é degrau, enquanto o bicampeonato já pode ser considerado escada. É a confirmação de que o talento, a técnica, a coragem e a competência daquele piloto não são apenas passageiras.

Doze títulos mundiais nesta foto, que se tornariam treze ao final da prova

Vettel é um fenômeno, um “monstro” como eu escrevi há algumas colunas atrás. Aos 24 anos de idade, se tornou o mais jovem bicampeão mundial da categoria. Superou Alonso, que por sua vez havia superado Schumacher, sendo os três mais jovens bicampeões da categoria. Já coleciona inúmeras poles, uma quantidade enorme de pódiuns, outra tanta de vitórias.

Ao contrário do ano passado, quando errou muito, mostrou-se às vezes um pouco afobado, imaturo, o título de 2011 vem com sobras de supremacia. Não há dúvidas que o título do ano passado fez muito bem ao jovem alemão. Mas é inegável que a temporada de domínio deste ano deixou todos resignados perante o talento do alemãzinho. A começar pelo seu companheiro Webber, que muitos torceram ano passado, chegou a admitir que sua chance de ser campeão mundial já passou. Button, para mim o melhor “do resto”, está guiando como nunca, melhor até que quando foi campeão, tem um excelente carro, mas sabe de suas limitações. Alonso, ao contrário da atitude do ano passado, foi cumprimentar Vettel antes mesmo deste sair do cockpit da Red Bull depois da prova. Apenas Hamilton está destoando um pouco deste grupo, mas são estes que vão disputar o vice-campeonato de 2011.

Button venceu a terceira do ano e segue rumo ao vice campeonato

Até onde Vettel vai chegar? Não sei. Certo mesmo é que será longe. Para nós, resta ter a certeza de sermos privilegiados de poder acompanhar o nascimento e ascensão de um garoto simpático, irreverente, que dá nomes de mulheres aos seus carros, e que tem nos gestos de comemoração de suas conquistas a imponência de exibir o número 1 na mão direita. Viva Vettel, legítimo campeão mundial de 2011.

Hei, mas ainda não acabou a temporada, certo?! Na Coréia tem mais.
Um abraço e até lá.

Lauro Vizentim

Lauro Vizentim é Engenheiro Mecânico, trabalha há mais de duas décadas na indústria de automóveis. Gosta de criação, design e de... carros. Quando estes três gostos se juntam em uma corrida, tudo se completa. Acompanha a Fórmula 1 desde criança e colabora com o No Trânsito desde 2009.

3 Responses

  1. Alexandre A. ctba pr says:

    Realmente, Vettel é Brilhante.

    Ótimo texto como sempre Lauro.

  2. Victor Ligeiro says:

    E mais um alemão fazendo história na F1!!

    Excelente texto.

  3. Mauricio Mikola says:

    Vettel campeão! Eu já sabia!!!

    Na verdade, dá para sentir um pouco da precisão alemã que consagrou o Schumacher. É, já sinto que teremos mais alguns anos curtindo fortes emoções nas brigas pela segunda posição…

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