2011 abriu asas e voou


A volta do KERS, a inovadora asa traseira móvel e os pneus menos resistentes trouxeram para a Fórmula 1 a volta das ultrapassagens. É hora de olhar no retrovisor, analisar os fatos, os pilotos, as equipes e tentar imaginar o que vem em 2012. Ah, e tem imagens inéditas.

A FIA deu asas pra quem sabe voar

Quando as equipes apoiaram a volta do KERS para 2011, sabiam que isto apenas não seria possível para proporcionar o que a Fórmula 1 mais sentia falta nos últimos anos: as ultrapassagens. E o caminho encontrado pela FIA foi proporcionar aos carros ajustes aerodinâmicos dinâmicos, uma verdadeira ferramenta de ataque, auxiliada pela impossibilidade de defesa na mesma moeda por parte do atacado. Nasceu então a asa traseira móvel, com suas regras de abertura e fechamento em locais pré-determinados de cada circuito.

Nem sempre o segundo piloto é quem mais sofre

Confesso que, no começo, achei um tanto artificial, mas depois gostei e acho que esta mudança nas regras vem para ficar, assim como também acredito que a regra será aprimorada. O KERS, o outro recurso, não se mostrou tão eficiente assim com a adoção da asa móvel. É um componente caro e que deixou muitos pilotos insatisfeitos durante as provas, com seu funcionamento irregular. No entanto, acredito que este sistema fique até 2013, pelo menos, já que em 2014 os atuais 2.4 V8 serão substituídos pelos 1.6 V6 turbo.

Os pneus merecem um capítulo à parte. Eu que brinquei tanto que o sindicato dos “borracheiros” uma hora entraria com representação por melhores condições de salário e segurança, até tinha minhas razões. Os pneus Pirelli, que começaram esfarelando-se em poucas voltas nos primeiros GPs, realmente, influenciaram no resultado de algumas provas. Ao longo do ano, foram melhorando um pouco, tirando a imagem de “produto de baixa qualidade” como chegaram alguns a comentar. Ainda assim, foram nada mais que 1.111 pit-stops realizados durante a temporada, quase 60 por corrida. Cláusulas sindicais ainda devem ser reivindicadas (esta última palavra me tiraria do “Soletrando”)…

Esse menino vai longe...

O único piloto que nem se preocupou muito com asa móvel, KERS ou pneus foi Sebastian Vettel. Mais maduro que em 2010, Vettel aprimorou a técnica matadora de humilhar os adversários no Q3 e foi, de novo, recordista em vários quesitos. A juventude lhe consagrou o mais jovem bi-campeão, enquanto as 15 poles em uma só temporada lhe fizeram o maior de todos os tempos, só pra citar alguns dos recordes quebrados. Merecidamente, bicampeão mundial, e ponto final.

Já o vice, Jenson Button, também fez uma linda temporada. Com atuações de gala como no Canadá, Button foi muito superior a ele próprio em 2009, quando foi campeão. Deixou Hamilton para trás dentro da própria McLaren e seu estilo suave de pilotar, com certeza, angariou mais alguns milhares de fãs pelo mundo.

Fernando Alonso foi ao limite em 2011. Focado o tempo todo, Alonso logo percebeu que o pódium era o máximo, e por lá esteve 9 vezes, uma delas com vitória, e mais quatro vezes bateu na trave, chegando na quarta posição. Foi, de longe, muito superior ao companheiro Felipe Massa, o que deixa claro que Alonso fez a diferença na Ferrari, tirando leite de pedra por algumas vezes. E por falar em segundo piloto…

O engenheiro de Felipe Massa, Bob Smedley, dando dicas ao brasileiro

A imprensa italiana massacrou Felipe Massa, dizendo que o brasileiro foi decepcionante na temporada, que isso, que aquilo, e tem, em parte, razão. Massa não deu, em nenhum momento, indício de força para combater Alonso. Nos treinos, quase nunca largou na frente do espanhol, mas nas corridas… Sua melhor colocação foi o quinto lugar, por seis vezes. Não subiu ao pódium nenhuma vez, não venceu, e ainda esteve envolvido por várias vezes em acidentes e polêmicas com Lewis Hamilton, outro que deixou a desejar. O inglês, que ficou sem o pai como empresário e sem a namorada como consolo, perdeu o foco e vários pedaços do McLaren ao longo do ano, mas se re-encontrou, ao que parece, no final da temporada.

A decepção, a revelação e um possível adeus

Mas na opinião deste blogueiro colunista, no entanto, acredito que ninguém decepcionou mais que Mark Webber. Com um foguete nas mãos, o mesmo de Vettel, o australiano não pôde ser considerado nem um coadjuvante em 2011. Fez apenas três dobradinhas com o companheiro durante todo o ano, e só venceu na última etapa porque a equipe contou uma “historinha pra Bull dormir” e Vettel deixou Webber vencer. Parece em real fim de carreira, que pode ser em 2012, embora já esboce o discurso de que nunca esteve tão maduro.

A difícil vida de Rubens Barrichello

E fim de carreira é o que parece ser o destino de Rubens Barrichello, exceto pela vontade dele mesmo. Com sua temporada comprometida pela péssima construção do carro da Williams, Barrichello teve como momentos mais brilhantes as idas ao Q2 e os míseros quatro pontos conquistados na marra, ou seja, quase nada comparado ao que já fez e pode fazer. Sua pior temporada na carreira, porém, pode ter sido também a última, já que sua permanência na equipe Williams não está confirmada e há alguns pretendentes endinheirados para a mesma. Barrichello até tem procurado patrocínio em algumas empresas no Brasil, o que para muitos é humilhante e desnecessário, mas este gesto pode ser visto também como uma atitude de quem sabe que é capaz de continuar e é, sem sombra de dúvida, melhor que muitos que lá estão.

Bom, e de vez em quando aparece um cara que chama atenção, não é? No final de 2009 foi Kamui Kobayashi, com suas atuações em Interlagos e Abu Dhabi, e este ano a revelação veio do México. Sergio “Ligeirinho” Pérez, estreante, mostrou que é rápido, muito rápido, mas como todo jovem, precisa de tempo. Sofreu um grave acidente nos treinos de Mônaco e isso deve ter freado um pouco seu ímpeto. Apesar disto, seu nome foi ventilado nos lados de Maranello, para 2013 é verdade, já que tanto ele como Kobayashi serão mantidos na Sauber para o ano que vem. Vamos conferir o que o latino consegue, já que este ano o companheiro japonês foi muito superior na classificação geral. Dos demais estreantes (Paul Di Resta, Pastor Maldonado, Daniel Ricciardo e Jerome D’Ambrosio), somente o escocês da Force India conseguiu bons resultados, muito pelo seu talento e outro tanto pelo crescimento inegável da equipe indiana, a sexta força do ano.

Hamilton fez questão de não se mostrar abalado em nenhum momento

Quero discorrer (nossa!) também comentários sobre as equipes Mercedes e Lotus-Renault. A primeira ainda não tem um carro vencedor, fato, o que não preocupa Michael Schumacher, mas já começa a colocar em dúvida a carreira de Rosberguinho, que segue atrás de seu primeiro triunfo. Eu mesmo não acreditava que isso demoraria mais de duas temporadas completas desde sua chegada ao time prateado. Além disso, as comparações com Nick Heidfeld, o alemão que foi chamado às pressas para substituir Robert Kubica no começo do ano, e que também nunca venceu na Fórmula 1, são inevitáveis, mas o filho de Keke quer mostrar que pode vencer mais que as cinco vitórias do pai obteve. Agora, falar em título é mais complicado, embora o pai tenha ganho o seu no ano em que venceu apenas uma corrida (como isso mudou!). E quanto à Lotus-Renault, que convidou Heidfeld a se retirar depois de onze corridas e abriu chance para Bruno Senna, simplesmente, se perdeu na temporada e muito antes disto. Começou com dois pódiuns, um de Petrov e outro do próprio Heidfeld, nas duas primeiras etapas, mas não evoluiu nada durante o ano. Ao contrário, retrocedeu, quase sendo ultrapassada pela Force India na classificação geral.

2012 e seus catorze títulos

E continuando a falar da Lotus-Renault, que ano que vem será apenas Lotus, veio a maior surpresa até agora para a temporada 2012; a volta de Kimi Raikkonen, campeão de 2007 pela Ferrari. Depois de se aventurar pela sua paixão, as provas de rali, Raikkonen volta ao volante de um Fórmula 1 despertando incertezas de fãs e adversários. Claro que isto dependerá muito do carro a ser desenvolvido, mas ninguém coloca um campeão do mundo em uma “cadeira elétrica” por puro marketing. A dúvida é de como será o recomeço do finlandês, se mais fácil ou tão difícil quanto de outros que tentaram o retorno, não é Schumacher? Para companheiro de Kimi, a Lotus contratou Romain Grosjean, que já esteve por lá em 2009, substituindo Nelsinho Piquet. Saiu, foi campeão por onde passou, inclusive a GP2 deste ano, e retorna para a alegria dos franceses, que agora têm de volta um piloto para torcer. Quem nos lê sempre deve lembrar que citei a “entressafra francesa” na coluna “Le fonds de la fosse” há um ano. Mais recentemente, na coluna “Missão Impossível”, sobre o GP da Bélgica, disse que Grosjean era favorito à vaga na Lotus para 2012. Pena que aqui não valia pro bolão, mas tudo bem.

Olha ele aí, o cachorro que chamou a Hispânia para um racha no GP da India

Pois é, e já que Schumacher não resolve parar, por que não chamar então outro cara, digamos, mais experiente? Foi o que fez a Hispania, fechando com o eterno piloto de testes da McLaren, Pedro de La Rosa, para ocupar um de seus cockpits. Pode ser uma boa alternativa para as equipes menores, principalmente se o time técnico também puder contar com profissionais vindos de times mais experientes.

Com poucas vagas em aberto, alemães e britânicos devem continuar dominando a competição. Espanhóis e finlandeses devem ter mais de um piloto para torcer, enquanto a turma do “filho único”, que já inclui japoneses, suíços, mexicanos e venezuelanos, agora também deve contar com os brasileiros. Felipe Massa deve ser o único representante do Brasil na Fórmula 1, o que é uma péssima notícia para os fãs, em geral, da categoria. Sem alguém que lute por vitórias, como aconteceu este ano, os patrocinadores somem, a televisão diminui o investimento, e pode até ser que vamos ficar órfãos de algumas transmissões. Não imediatamente, já ano que vem, mas talvez em 2013.

Glock, tenha certeza, o Brasil te ama

Eu já disse que minha torcida não é única por brasileiros na pista. Apesar de ter Piquet como meu maior ídolo, Senna (o Ayrton, claro) como sinônimo de vitórias e Barrichello ter me levado às lágrimas tanto de alegria quanto de frustração, não acho que Felipe Massa tenha calibre, hoje, para brigar lá na frente. No começo deste ano até disse que 2011 seria seu último ano na Ferrari, exceto se fosse campeão e Luca di Montezemolo se naturalizasse brasileiro. Errei. Errei como espero estar errando nesta previsão também, embora eu continue achando muito difícil para um verdadeiro fã da Fórmula 1 ficar impassível diante de tantos talentos juntos como tivemos este ano e teremos para o ano que vem. Serão nada menos que 14 títulos na pista, seis campeões do mundo, e todos eles conquistados, coincidentemente, desde o ano da morte de Ayrton Senna. Os outros títulos foram de Damon Hill (96), Jacques Villeneuve (97) e Mika Hakkinen (98/99). Faz tempo…

Apesar disto, conto com vocês para me ajudarem a testemunhar e escrever mais este capítulo ano que vem.

Um forte abraço à todos, boas festas à vocês e seus familiares, e um ano repleto de realizações.

Até 2012!

Lauro Vizentim

Lauro Vizentim é Engenheiro Mecânico, trabalha há mais de duas décadas na indústria de automóveis. Gosta de criação, design e de... carros. Quando estes três gostos se juntam em uma corrida, tudo se completa. Acompanha a Fórmula 1 desde criança e colabora com o No Trânsito desde 2009.

5 Responses

  1. Fábio Abade says:

    Grande Laurão!!

    Um Excelente texto para fechar com chave de ouro esse ano de ótimas (pra não repetir o excelente) narrativas de umas das corridas mais empolgantes dos últimos anos!

    Parabéns e que 2012 venha logo, e que o dia 16/03/12 chegue mais rápido ainda!!

    Vale lembrar que ano que vem, provavelmente, teremos os EUA de volta ao calendário.

    http://www.formula1.com/tickets_and_travel

    E que em Maio eu esteja nas proximidades da França para poder ir assistir ao GP de Monaco, ao vivo! =)

    Abração Lauro e amigos do NT !!

    Felicidades e Prosperidades!!

    Vamo que vamo!!

    Fábio Abade

    (Não vou mais abreviar o sobrenome. Ano que vem estarei no topo do Bolão até o fim!! hehe Quem quiser me adicionar no Facebook, é só clicar no meu nome aí, e se indentificar que é daqui do NT!! hehehe)

  2. Alexandre Pinho says:

    Cade meu prêmio!!!!

    😛

  3. Alexandre A. ctba pr says:

    EU ri do Glock huahuauh

    E Fabio tu é um fanfarrão mesmo, já imaginou quantos Fabio Abade tem no Face ?

    Um forte abraço à todos, boas festas à vocês e seus familiares, e um ano repleto de realizações [2x]

    Faço das suas as minha Palavras.

  4. Alexandre A. ctba pr says:

    Fabio, Favor desconsiderar huahuhuauhauh

    A marvada…

    …Que eu me atrapaio…

  5. Fábio A. says:

    É nóis Alexandre !!

    “…ali mesmo eu bebo,
    ali mesmo eu caio…oi lááá”

    hehehehehehehe

    Vamo que vamo!!

    Abraço!!

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