Torneio Rio x São Paulo

O GP do Brasil pode mudar de endereço depois da Copa.

O automobilismo no Brasil não tem sido tratado como se deve, como se necessita, há anos. O último golpe foi o fechamento do Autódromo de Jacarepaguá, no Rio, para viabilizar as obras da Olimpíada de 2016 naquela cidade. Combalido pelas obras que nele foram feitas para os Jogos Panamericanos de 2007, o autódromo carioca já vinha respirando por aparelhos desde então, numa mistura de pena e descaso.

Em São Paulo, o autódromo de Interlagos também tem seus diversos problemas, os mais graves em acomodações e logística. As reformas feitas ano a ano pela Prefeitura da capital paulista não são suficientes e, no primeiro semestre, um plano de reformulação de todo o autódromo foi anunciado, que prevê a mudança da área dos boxes para a reta oposta e recapeamento total da pista dentre outras mudanças. Em homenagem ao atual prefeito Gilberto Kassab nesta quinta-feira, a diretora-executiva do GP Brasil, Claudia Ito, disse que a reforma tem que se iniciar até o meio de 2013 e ficar pronta em 2014, ano em que termina o contrato do autódromo para receber a F1. Sem esta reforma, é praticamente certa a saída de Interlagos do calendário mundial.

Hoje, no Rio, o Ministério dos Esportes e o Exército assinaram o processo de transferência de um terreno localizado no bairro de Deodoro, zona oeste da capital fluminense, para viabilizar a construção de um autódromo moderno e de padrão internacional em substituição à Jacarepaguá, como já era compromisso das autoridades com a Confederação Brasileira de Automobilismo e com o Comitê Olímpico Internacional. Segundo o prefeito reeleito do Rio, Eduardo Paes, há interesse sim em voltar a sediar provas de Fórmula 1 como na década de 80.

Você que nos lê, independente de sua idade, sabe que obras públicas neste país são, normalmente, alvo de irregularidades e interesses. No caso do Rio há uma pequena vantagem porque o trabalho do atual prefeito Paes será continuado. Ainda assim, só acredito que a obra saia do papel vendo algo ser feito, porque prazos do compromisso já se perderam.

Em São Paulo, a aprovação da verba vai depender do prefeito eleito, Fernando Haddad, que tomará posse em janeiro. Nem preciso falar que pode, sim, haver interesses políticos fortes influenciando a decisão, visto que o partido de Paes é o maior da base aliada do governo federal e o partido de Haddad é o do governo federal, eleito exatamente em São Paulo com discurso oposicionista ao atual prefeito.

Eu nunca fui a uma corrida no Rio, mas quem foi disse que a atmosfera era ímpar. Calor, descontração, acampamento, amores de verão (a corrida era a primeira da temporada), etc, etc. Uma dobradinha brasileira em 1986, com Piquet e Senna é a minha maior lembrança daquela pista plana de uma reta oposta enorme.

Quando a corrida veio para São Paulo, eu fui logo na sexta-feira pela manhã, no treino livre. Sim, faltei no trabalho, fui de ônibus e ouvi, arrepiado, ao primeiro ronco de um carro de Fórmula 1 ainda de dentro do coletivo. Estava na arquibancada na reta oposta bem em frente aonde Ayrton Senna parou depois de receber a bandeirada em 1991, minha recordação inesquecível do autódromo de topografia invejável e traçado seletivo, e de uma história fundamental para o automobilismo nacional.

E nós, fãs da Fórmula 1, ficamos primeiro torcendo para que o Brasil continue sediando uma etapa do mundial, e aguardando que, em isso se confirmando, para onde vamos ver a corrida, se no Rio ou em São Paulo.

Onde você prefere que o GP do Brasil seja realizado? Prefere que continue em São Paulo depois de 2014 ou que volte para o Rio, em um autódromo mais moderno?