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Depois de mais longas do que propriamente merecidas férias, eu já estava com saudade do contato com vocês aqui do No Trânsito.

Entre uma atividade e outra, claro, muita atenção ao que vem acontecendo no mercado de pilotos para 2013, e achei que este seria um bom tema para desenferrujar o vocabulário, portanto, o escolhi para a primeira coluna deste ano.

Estive fazendo uma análise rápida e percebi o quanto o grid mudou em dois anos apenas. Nada menos que 16 pilotos (isso mesmo) deixaram de compor a foto nestas duas últimas temporadas. Os experientes Michael Schumacher, Rubens Barrichello, Jarno Trulli, Pedro De La Rosa, Heikki Koavalainen e Nick Heidfeld estão entre eles. Jerome D’Ambrosio, Jaime Alguerssuari, Sebastian Buemi, Vitantonio Liuzzi, Narain Karthikeyan (ainda bem, pois nunca escrevi o nome dele sem colar), Vitaly Petrov, Bruno Senna, Timo Glock, Kamui Kobayashi e Adrian Sutil também ficaram pelo caminho.

De todos estes, talvez três ou quatro possam voltar nas próximas temporadas, como Buemi, Petrov, Kobayashi e Sutil. Petrov é quase certo que volte por causa do GP da Rússia. Sutil ainda briga pela última vaga no grid deste ano pela Force India, mas deve perdê-la para Jules Bianchi, atual piloto de testes da equipe. E Kobayashi vai fazer mais falta que todos, em minha opinião.

O finlandês Valtteri Bottas substituíra Bruno Senna na Williams, assim como fez em vários treinos livres em 2012

Há apenas um caso de equivalência na experiência que foi a volta de Kimi Raikkonen ano passado. O campeão de 2007 voltou ao seu estilo, curto-grosso e veloz, e tomou ânimo para continuar. Seu companheiro de Lotus, Romain Grosjean, conseguiu se segurar apesar das várias largadas desastradas e erros primários em 2012. Jean-Eric Vergne e Daniel Ricciardo, promovidos na Toro Rosso quando o facão passou na equipe e levou Sebastian Buemi e Jaime Alguerssuari ao final de 2011, conseguiram se manter, mesmo sem resultados expressivos. O mesmo pode se dizer de Charles Pic, que foi estreante ano passado pela Marússia, e fez em 2013 uma movimentação “lateral”, indo pilotar um dos carros da Caterham. Por falar em Caterham e Marússia, a lei da seleção natural das espécies fez com que a HRT fosse extinta, levando também duas vagas consigo. Houve uma tentativa de compra do espólio da equipe para fundar a Scorpion, rapidamente vetada por Bernie Ecclestone por motivos aparentemente apenas políticos.

O brasileiro Luiz Razia terá a companhia de Max Chilton na Marússia.

E se tem gente saindo, é porque tem muita gente chegando.

Os calouros Valteri Bottas, Esteban Gutiérrez, Max Chilton, Giedo van der Garde e Luiz Razia, chegam sabendo que a foice está cada vez mais afiada, e que muitas vezes não há tempo para mostrar todo potencial ou corrigir eventuais desvios de rota. A Fórmula 1 está cada vez mais seletiva, seja pelo lado político-econômico, seja pelo surgimento de novos talentos.

Todos os novatos já tiveram suas experiências com um Fórmula 1 e vêm, predominantemente, da GP2. O curioso é que o campeão da atual principal categoria de acesso a Fórmula 1, o italiano Davide Valsecchi, não conseguiu uma vaga de titular, mas será piloto de testes da Lotus. E a Itália continua sem representante no grid.

Dos seis primeiros colocados da GP2 ano passado, quatro serão titulares em seus times, sendo Chilton e Razia na Marussia, Van der Garde na Caterham e Esteban Gutiérrez na Sauber. Apenas James Calado, inglês que foi terceiro colocado na GP2 em 2012, permanecerá por lá, quetinho, quietinho…

Então, o que esperar deste grid em 2013?

Giedo Van Der Garde, que já foi da mesma escola de formação de pilotos da Renault, junto com Di Grassi e Kovalainen, tem agora sua chance na Caterham

Um grid muito, muito jovem. E pouco experiente também. Além dos cinco estreantes, outros como Maldonado, Hülkenberg, Ricciardo, Vergne, Di Resta, Grosjean e Pérez tem, no máximo, duas temporadas completas. E ainda pode pintar Bianchi na Force India, como dito anteriormente, outro calouro. Em resumo, dos 22 cockpits de 2013, 13 podem ser ocupados por pilotos jovens e ainda em fase de amadurecimento, um tremendo contraste com a turma da ponta, com muitos próximos dos 200 GPs na carreira.

De todos, Sebastian Vettel é a exceção. Quase tão jovem quanto os estreantes, já tem mais de 100 GPs na carreira e três títulos mundiais consecutivos.

Na Fórmula 1 que não perdoa erros, a exceção tem que virar a regra de quem quer permanecer por lá mais tempo. Não que eu tenha esperança que apareça um novo Vettel, mas essa mescla de maturidade e falta dela, no sentido mais natural possível, pode trazer um campeonato ainda mais eletrizante que foi o ano passado, pois cada curva bem feita pode ser uma linha do novo contrato para as temporadas seguintes.

Esteban Gutiérrez aproveitou o vácuo deixado pelo compatriota Sergio Pérez na Sauber e, até o momento, é o novato que melhor pode aproveitar a oportunidade logo de início.

Os testes da pré-temporada já vão começar e a gente vai acompanhar tudo, mais uma vez, juntos.

Um abraço!

P.S.: dica de site do fotógrafo Vladimir Rys, que tem um trabalho espetacular no seu site www.vladimirrys.com. Confira!

Lauro Vizentim

Lauro Vizentim é Engenheiro Mecânico, trabalha há mais de duas décadas na indústria de automóveis. Gosta de criação, design e de... carros. Quando estes três gostos se juntam em uma corrida, tudo se completa. Acompanha a Fórmula 1 desde criança e colabora com o No Trânsito desde 2009.

4 Responses

  1. É muito bacana ver um brasileiro estreando na F1. Tomara que o Luiz Razia consiga se destacar nesta temporada e evoluir para equipes melhores no futuro.

    Com relação a esta temporada que chega, segue meu palpite bastante prematuro: Vettel mais uma vez campeão!

  2. Victor Ferraz says:

    Eu sinto um misto de alegria e pena ao ver o Razia estrear pela Marussia… É sempre bom ver brasileiros na F1 mas quando penso que ele vai ter que fazer milagre pra chegar em 18º e sofrer duras críticas do (ignorante) povo brasileiro dizendo “Ayrton Senna era bom com qualquer carro”, fico com pena do rapaz… Acho que está havendo um problema na F1 ultimamente onde as equipes estão trocando desesperadamente de pilotos na esperança de achar um piloto milagrosamente talentoso e que, ao mesmo tempo, dê muito dinheiro… Isso aumenta tanto a rotatividade de pilotos que eles não têm tempo de mostrar o seu valor (vide Bruno Senna)… Espero que o Razia tenha uma carreira diferente do Lucas DiGrassi, que também é um excelente piloto mas acabou ficando sem lugar na F1… No mais, essa temporada promete para Felipe Massa! Vamos torcer! =D

    • Oi Victor,

      A comparação com Ayrton Senna para todos os brasileiros que conseguem chegar a Fórmula 1 é cruel demais, eu concordo com você, assim como concordo com o milagreiro endinheirado que as equipes do fundo do grid buscam, mas que caem muito bem também para as de ponta. Vamos esperar uma boa temporada para todos, e que os pilotos do fundo do grid disputem espaço no bloco intermediário.
      Um abraço!

  3. Adauto says:

    Vocês sabem de algum bolão para 2013? Poxa isso é muito legal

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